ISSN 2359-5191

10/10/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 117 - Ciência e Tecnologia - Escola Politécnica
Tecnologia permite melhoria do desempenho ambiental na produção do aço
Pesquisadora da POLI está a frente do projeto que pode revolucionar o modo de produção nas siderúrgicas
Produção de aço líquido (Foto: Site Ambiente Construção)

Luciana Dimas Camillo, pesquisadora da Escola Politécnica, realizou um estudo que propõe melhorias no desempenho ambiental no ciclo de produção do aço líquido. A partir do uso de uma ferramenta chamada Análise de Ciclo de Vida (ACV), é possível coletar dados e analisar um processo médio de produção de aço, assim como identificar seus efeitos sobre o meio ambiente e a saúde humana.

A produção do aço, englobando todas as etapas da cadeia, possui grande impacto ambiental. Desde a retirada da matéria prima até a transformação em aço líquido, o processo influi em mudanças climáticas e toxicidade humana. Este possui um elevado consumo de energia elétrica e água, além de um alto índice de emissões de gases tóxicos. Assim, através do diagnóstico gerado com auxílio da ACV, é possível propor melhorias no desempenho ambiental do processo.

“Utilizamos a técnica chamada de análise de ciclo de vida, com o auxílio de um software o qual nos permite analisar o desempenho ambiental de um processo médio de produção de aço. Você tendo um desempenho médio dessa produção do aço num período de tempo e num local específico, no caso o ano de 2012, conseguimos propor melhorias em cima desse desempenho base.”

Com o resultado da análise em mãos, a pesquisadora dividiu o conteúdo em duas partes: as cargas inerentes, aquelas que são de responsabilidade da empresa que produz o aço; e as cargas externas, as quais a empresa tem pouco ou nenhum domínio, como transporte e matérias primas. Assim, a pesquisadora notou que a matriz energética nacional exercia grande influência sobre o perfil de impactos do processo. O estudo propõe ações que consigam reduzir a dependência de energia do país e a compra da mesma. Em relação a isso, foram construídos dois cenários: o aproveitamento de um gás interno, chamado gás de aciaria, para a produção de energia; e a diminuição do consumo de água com a utilização de uma tecnologia chamada Coke Dry Quenching, que permitiria apagar o coque combustível sólido derivado do carvão a seco. Assim, além do processo consumir menos água, é possível aproveitar o calor sensível do coque para gerar energia elétrica.  Como toda a cadeia de produção do aço está interligada, Luciana observou que a menor utilização de energia, reverteu-se ainda em ganhos sobre outros efeitos ambientais, como a toxicidade humana.

A pesquisadora ressalta que através do ACV, é possível visualizar todo o processo, uma vez que a produção do aço é uma cadeia verticalizada. Assim, é possível aplicá-lo de modo sistêmico, podendo utilizar do recurso durante todo o ciclo de fabricação de um produto, para que, posteriormente, seja possível atuar.

“Na minha opinião, a ACV não está consolidada junto ao setor industrial brasileiro, mas o interesse por ela tem crescido bastante nos últimos anos. De qualquer forma, para que sua aplicação seja potencializada é fundamental criar-se bancos de dados específicos para as condições tecnológicas, processuais e operativas praticadas pelas indústrias de transformação instaladas no Brasil.”

Entretanto, para que essas mudanças possam ser aplicadas é necessário que haja investimento por parte da empresa que deseja executá-las. Em primeira mão, é preciso de investimento em infraestrutura, uma vez que, o reaproveitamento de um gás interno, por exemplo, requer a construção de tubulações e unidades de bombeamento ou injeção. Por conta disso, é inevitável que a empresa realize uma análise econômica consistente antes de materializar tais alternativas.

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