ISSN 2359-5191

31/10/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 124 - Saúde - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Nova técnica de anestesia promete maior eficiência em processos cirúrgicos para gatos
Estudos envolvendo bupivacaína para bloqueios dos nervos ciático e femoral apontam para efeitos de maior duração, contribuindo para o bem-estar dos animais
O experimento foi feito em gatos saudáveis, que, após os testes, foram todos adotados

Marina Cayetano Evangelista, pós-graduanda da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP (FMVZ), tem buscado na bupivacaína, um anestésico local de longa duração, uma alternativa para o uso de sedativos causadores de efeitos colaterais. Segundo a pesquisadora, existem poucos estudos conclusivos voltados especificamente para o conforto de gatos durante e após as cirurgias, especialmente no âmbito de anestésicos locais e experimentações com animais vivos.

A bupivacaína é uma substância reconhecidamente de efeito anestésico e analgésico, e já vem sendo usada como um anestésico local em cães e seres humanos. Enquanto a anestesia geral serve para bloquear todos os movimentos e reflexos e deixa o paciente inconsciente, a anestesia local diferencia-se por bloquear a sensação de somente uma pequena parte do corpo, sem causar a inconsciência. Os dois tipos muitas vezes são usados como complementos um do outro.

Para Evangelista, as vantagens da anestesia local são claras: “o animal sente menos dor no período pós-operatório. Também não é preciso aprofundar tanto a anestesia”. Além disso, a técnica facilita e acelera a recuperação após a cirurgia. “Em humanos, quase todas as cirurgias ortopédicas contam com um bloqueio local”, complementa a pesquisadora.

A duração e a precisão do anestésico também são fatores favoráveis à aplicação dos métodos usados por Evangelista. Ela conseguiu um resultado de quatro a oito horas de bloqueio gerado pela bupivacaína sem gerar efeitos colaterais. Outros anestésicos, por apresentarem riscos de efeitos adversos nos felinos, são ministrados em menor quantidade e, portanto, perdem força rapidamente, permitindo que os animais voltem a sentir dor antes do momento ideal.

Ademais, foi alcançada uma taxa de 100% de sucesso na localização correta dos nervos, com o emprego de um estimulador de nervos para injetar o anestésico. O aparelho conta com uma agulha ligada a um gerador de corrente elétrica: enquanto a agulha atravessa pele e músculo para chegar ao nervo, a corrente elétrica denuncia a proximidade da região perineural (em torno dos nervos). Sem essa técnica, muitos veterinários acabam confiando apenas em seus conhecimentos de anatomia, o que não garante o êxito do bloqueio e, consequentemente, pode acarretar ou no sofrimento do animal ou no uso de mais anestésicos e analgésicos.


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Estimulador de nervos é utilizado para aplicar o anestésico nos nervos ciático e femoral

Todos os experimentos foram realizados em gatos saudáveis, que não necessitavam de cirurgia e, logo, não estavam com dor antes da injeção. Após os resultados positivos da primeira etapa, Evangelista pretende dar prosseguimento à pesquisa em seu doutorado, realizando novos testes com animais doentes que passarão por processo cirúrgico, fase que realizará no Canadá.

A pesquisadora ainda chamou atenção para a negligência com que a dor em gatos é tratada. Porque cães, no geral, demonstram claramente o que sentem com ganidos, latidos e linguagem corporal, essas manifestações são desvalorizadas em gatos já que se apresentam de forma mais sutil. No entanto, “isso não quer dizer que eles não sintam dor, apenas que não demonstram. A dor é importante e é necessário tratá-la”.


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