ISSN 2359-5191

08/11/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 129 - Saúde - Departamento de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional
Longas internações podem prejudicar a capacidade funcional de pacientes
Estudo da FMUSP avaliou o impacto da hospitalização no equilíbrio postural e na qualidade de vida de adultos e idosos
Imagem: Reprodução

Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 40% dos idosos com 80 anos ou mais sofrem quedas todos os anos. Dos que moram em asilos e casas de repouso, a freqüência das mesmas chega a 50%. Além disso, a imobilização prolongada no leito, como ocorre durante a hospitalização destes idosos, pode desencadear alterações que contribuem ainda mais com estas situações. Foi a partir da análise do impacto desta internação em adultos e idosos que a pesquisadora Patricia Harry Lavoura apresentou sua dissertação de mestrado para o programa de Ciências da Reabilitação da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. 

Com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a pesquisa teve como objetivo observar criticamente os pacientes internados no Hospital das Clínicas, instituição pública de grande complexidade, e principalmente aqueles que permaneceram longos períodos hospitalizados, a fim de identificar alterações no equilíbrio postural dos mesmos, sua qualidade de vida e a ocorrência de quedas após a alta hospitalar. 

“Como fisioterapeutas, observamos que eles passam a maior parte do tempo deitados nos leitos, em repouso, e esta inatividade física decorrente da hospitalização pode deteriorar diversos sistemas corporais como o sistema respiratório, o sistema cardíaco, o sistema muscular, entre outros”, explica Lavoura. Estas alterações podem prejudicar a capacidade funcional do paciente, ou seja, sua capacidade de realizar as atividades do dia a dia, e seu equilíbrio. Além disso, o ambiente hospitalar pode, muitas vezes, gerar um isolamento social decorrente da falta de estímulos visuais, sonoros e táteis para o paciente. 

Metodologia

O estudo incluiu 250 pacientes com mais de 50 anos. Segundo a pesquisadora, a escolha por este tipo de amostra se deu pela observação da mudança epidemiológica que está ocorrendo no Brasil: o número de idosos está aumentando constantemente e “os sistemas de saúde devem estar capacitados para prestar atendimento de excelência a esta população”. 

Para avaliar o equilíbrio postural dos pacientes foi utilizado o Mini-BESTest, que desenvolve atividades como manter-se em pé em equilíbrio sobre uma perna só, sentar-se e levantar-se de uma cadeira, desviar-se de um obstáculo, entre outros. Para verificar a ocorrência de quedas eram realizadas ligações com questionários padronizados após um, três e seis meses do período de internação. 

Resultados 

A pesquisa identificou que os indivíduos idosos (acima de 60 anos), os quais permaneceram maior tempo hospitalizados, tiveram um aumento na incidência de quedas com o passar dos meses. Além disso estes pacientes também apresentaram piora no equilíbrio após o período de hospitalização. 

Entretanto, quanto à qualidade de vida, que foi avaliada a partir de um questionário de autopercepção, não foram observadas pioras devido à hospitalização, provavelmente devido à satisfação com a qualidade do serviço recebido de toda a equipe interprofissional, à melhora clínica do quadro apresentado no momento da admissão no hospital e à resolução do problema.

Próximos passos 

A intenção da pesquisadora, agora, é compreender melhor quais as principais circunstâncias das quedas após a hospitalização e aprimorar o atendimento interprofissional durante e após a alta dos pacientes, a fim de evitar consequências negativas como fraturas, re-hospitalizações e óbitos.

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