ISSN 2359-5191

21/11/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 136 - Sociedade - Escola de Educação Física e Esporte
Professor analisa pior desempenho do judô masculino em Olimpíadas desde a década de 80
Com apenas uma medalha de bronze, o judô masculino teve no Rio de Janeiro o seu pior resultado desde Moscou, em 1984; enquanto isso, o feminino garantiu mais um ouro olímpico
O único brasileiro medalhista no judô masculino no Rio de Janeiro (Imagem: Murad Sezer / Reuters)

Rafael Silva, conhecido como Rafael ‘Baby’, foi o único homem a conseguir uma medalha no judô nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. O bronze solitário da equipe fez com que o Brasil tivesse seu pior desempenho na categoria nos Jogos desde que Moscou sediou a competição, em 1984. Nas Olimpíadas de Londres, anteriores as do Rio, o resultado também não foi empolgante — apenas dois judocas conquistaram medalhas. Emerson Franchini, professor da Escola de Educação Física da USP (EEFE-USP), buscou analisar os motivos da queda no desempenho do judô masculino brasileiro nessas competições.

“Apesar do desempenho pior que 2012, ele foi bem semelhante e dentro do esperado. Talvez tenha faltado uma medalha para o ideal”, conforta Franchini, olhando para o resultado geral. Em Londres, o Brasil garantiu três medalhas de bronze e uma de ouro — dois bronzes para o masculino, um bronze e um ouro para o feminino. Desta vez, foram dois bronzes e um ouro, sendo a única diferença uma medalha de bronze a menos para o masculino. As mulheres mantiveram o mesmo resultado, o que o professor considera um caso de sucesso.

Os homens, por outro lado, decepcionaram. “O Brasil tem ficado um pouco para trás no judô masculino. Isso se deve, provavelmente, a uma dificuldade de renovação na categoria e a uma atualização do ponto de vista técnico e tático em relação ao que tem acontecido no exterior.” A própria medalha de Rafael Silva, que também havia ganhado o bronze em 2012, pode ser considerada uma exceção, uma vez que o pesquisador considera extremamente rara a repetição de medalhas em Olimpíadas.

Para convocar judocas para as Olimpíadas, o Brasil se baseia no ranking da Federação Internacional de Judô. Para o Rio, no entanto, a equipe resolveu chamar Felipe Kitadai, medalha de bronze em 2012, mesmo com um atleta melhor colocado que ele no ranking. “Não foi a decisão mais adequada”, afirma Franchini. “Além disso, o Brasil, sede do evento, poderia ter adotado outra estratégia por já ter vagas garantidas: ter definido a equipe com mais antecedência e exposto menos os atletas às competições do sistema internacional.”

Essa exposição também pode ter colaborado para o mau resultado. A maioria das competições, que contavam pontos para o ranking, teve suas definições muito perto dos Jogos, em junho. Isso prejudica os atletas e faz com que eles tenham níveis de fadiga altos, com pouco tempo para descansar, se recuperar e voltar a treinar de forma adequada. “Não coincidentemente, o Rafael, único que medalhou, esteve fora de competições por um longo período, por ter se lesionado — isso pode tê-lo ajudado”, completa o professor.

Com o feminino, isso não aconteceu. “A geração das mulheres é muito forte e nova. Toda a equipe que foi para o Rio já tinha uma medalha mundial ou olímpica, com exceção das atletas das categorias até 63kg e até 70kg.” O time foi exatamente o mesmo que foi para Londres — as mesmas atletas nos mesmos pesos. Por isso, o exato mesmo resultado, apesar de medalhistas diferentes.

Emerson Franchini afirma que a Confederação Brasileira de Judô precisa repensar sua estratégia, e ainda aponta aspectos específicos que precisam ser melhorados: “Tem a questão de treinos muito volumosos e em grande quantidade; muitas competições; a falta de uma estratégia mais detalhada para confrontar atletas específicos, mais fundamentais aos brasileiros; a exposição de mais atletas ao circuito internacional. Essas são medidas que contribuiriam para um desempenho melhor.”

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