São Paulo (AUN - USP) - A liberação controlada é um método de administração de substâncias terapêuticas e medicinais que permite um melhor controle da quantidade e da velocidade da ação das mesmas no organismo. Este sistema já é pesquisado no mundo todo, mas o Instituto Butantan é o pioneiro no estudo da utilização da liberação controlada em vacinas.

A liberação controlada consiste no emprego de uma espécie de cápsula biodegradável extremamente pequena feita de um plástico poroso (microesfera) ou de uma membrana protéica (lipossomo) que protege as drogas, vacinas e genes, impedindo que tais partículas sejam reconhecidas como agressoras ao corpo humano.

De acordo com a coordenadora do projeto, a pesquisadora Maria Helena da Costa, o processo de encapsulamento não só aumenta a vida-útil dos fármacos, garantindo um efeito de longa duração, como permite uma liberação gradual lenta, contínua, ou em pulsos. “Este processo é muito útil, por exemplo, na liberação de substâncias como a insulina ou no uso de drogas tóxicas, como a anfoteromicina (espécie de antifúngico)”, afirma.

Além disso, o encapsulamento em lipossomos permite também designar um alvo específico: através do uso de um marcador na superfície do lipossomo, é possível fazer com que ele reconheça um determinado anticorpo, substrato ou proteína, liberando seu conteúdo apenas quando chegar ao local desejado. “Este processo é muito útil na administração de quimioterápicos, que devem atingir apenas as células cancerosas”, exemplifica Maria Helena.

O Instituto Butantan já propôs vacinas constituídas por lipossomos contra a hepatite A, gripe, difteria, tétano e malária, mas apenas a contra hepatite já foi aprovada. Estuda-se ainda o emprego da liberação controlada em vacinas de DNA, bem como o encapsulamento de veneno de animais peçonhentos em lipossomos, para a produção de soro.

Todos esses projetos contam com a colaboração do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, da Unicamp, de várias universidades da Argentina, França e Inglaterra e do Paul Scherrer Institut, na Suíça.