ISSN 2359-5191

03/12/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 24 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
Laboratório avalia propriedades de produtos têxteis

São Paulo (AUN - USP) - Camisas que perdem a cor na primeira lavagem, calças que se rasgam ao menor movimento, lençóis que se desgastam e formam aquelas indefectíveis bolinhas, filtros de café que deixam passar somente a água, fraldas descartáveis que vazam. Todos esses são problemas que o consumidor pode enfrentar caso os materiais que compõem estes produtos não tenham sido devidamente testados. Para evitar que aconteçam, o Laboratório de Produtos Têxteis (LPTex) do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo realiza mais de 200 tipos de ensaios com materiais destes e de uma infinidade de outros produtos têxteis.

O LPTex não é o único laboratório no Brasil a fazer isso, mas é o único que atua em toda a cadeia têxtil: avalia tecidos e não-tecidos (têxtil formado a partir de fibras e consolidado química ou mecanicamente) desde seu elemento mais básico, a produção da fibra, até a fase final, a da confecção, passando por testes de fiação, tecelagem, malharia, tingimento e acabamento. No fim das contas, funciona como um grande centro de controle de qualidade. Faz análises químicas dos tecidos, para descobrir qual é natureza de suas fibras; conta, mede, pesa, torce e estica os fios, para testar resistência e elasticidade; avalia a permeabilidade do tecido; realiza provas para indicar a resistência da cor do tecido à lavagens, à luz e ao suor.

E os testes não se limitam a peças de vestuário do cotidiano da população. Artigos esportivos também são examinados, como as famosas camisas de times de futebol que “ajudam” o suor a evaporar. A propriedade dos uniformes de operários de fornos de siderúrgicas ou de bombeiros, que evita que o traje pegue fogo, é assegurada pelos testes de inflamabilidade. Isso sem falar nos ensaios com coletes a prova de balas, que servem não para verificar se eles são mesmo resistentes a tiros (isso é feito na própria polícia), mas para atestar outras qualidades, como sua vedação à entrada de água – uma gota do líquido que penetre no tecido pode comprometer sua função protetora.

Tais ensaios não têm como objetivo principal o desenvolvimento de novas tecnologias têxteis, ainda que acabem, involuntariamente, contribuindo para isso. O caráter deles é o de prestação de serviços: as empresas do setor interessadas em testar seus materiais é que procuram o laboratório.

Na maioria dos testes, são seguidas normas internacionais (ISO) ou nacionais (ABNT e outras). Segundo o pesquisador Eraldo Maluf, responsável pelo LPTex, este procedimento garante que “o resultado que sai aqui em São Paulo é o mesmo que vai sair nos EUA, no Japão, na Alemanha e em qualquer lugar do mundo que siga a receita da ISO” .

Ele também conta que a pesquisa voltada ao desenvolvimento de novas tecnologias de tecidos demanda um investimento muito alto para as condições brasileiras, e que por isso não é feita por aqui. Não à toa, as principais inovações na área vêm de empresas multinacionais e órgãos de pesquisas situados, por exemplo, nos três países desenvolvidos citados acima.

De qualquer forma, ainda que não se invista em evolução tecnológica aqui, o laboratório consegue garantir que o tecido brasileiro mantenha um padrão internacional. Isso permite aos produtos nacionais competirem no mercado mundial e trazer dinheiro para a economia do país.

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