ISSN 2359-5191

03/12/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 24 - Saúde - Instituto de Física
Estudo revela que é possível reduzir as doses de raios-x em exames infantis

São Paulo (AUN - USP) - Aquele olhar de desconfiança que a maioria das pessoas já lançou para os aparelhos de raios-x tem lá os seus motivos. A verdade é que ainda se sabe muito pouco sobre os efeitos biológicos causados pela absorção destas doses de radiação, e apenas este fato já é algo em que se pensar. Para ajudar a suprir esta lacuna, o físico Marcelo Baptista de Freitas, do Laboratório de Dosimetria do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP), desenvolve atualmente um estudo que visa estabelecer parâmetros para quantificar a dose recebida por pacientes em exames de raios-x.

Os dados preliminares do trabalho já indicam que alguma coisa pode e deve ser mudada. Freitas afirma que “principalmente em pacientes da faixa etária infantil, existe bastante espaço para a redução das doses de radiação”. A isso deve ser acrescentado o fato de que os riscos de desenvolvimento de algum efeito nocivo decorrente da radiação são comparativamente maiores para crianças. Realmente, é possível que uma parte dos equipamentos não tenha uma grande capacidade de regulagem, porém mesmo nos que a possuem isso aparentemente não é feito.

O estudo de Freitas é restrito ao Estado de São Paulo, e selecionou aleatoriamente hospitais públicos e privados. Após anuir com a cooperação na pesquisa, eles receberam pelo correio kits contendo o material necessário para que os técnicos do local façam a análise de aproximadamente10 pacientes. Um dosímetro termoluminescente é fixado sobre a pele do examinado no momento do exame, preservando informações a respeito da dose recebida. Posteriormente, o instrumento é encaminhado para o laboratório de dosimetria, onde é analisado. O dosímetro é aquecido, liberando uma determinada quantidade de luz (por isso termoluminescente), que varia de acordo com a dose aplicada. A partir desta medida é possível determinar a dose de radiação absorvida naquela exposição radiológica. Além disso, esses resultados são cruzados com outras informações relativas ao paciente, ao método utilizado e ao modelo do equipamento.

Um dos tipos de aparelhos presentes na pesquisa é o que possui sistema de imagem digital que, em princípio, teriam a capacidade de obter chapas de boa qualidade com uma dose de raios-x menor que a das máquinas convencionais. Entretanto, dados colhidos revelam que isso não acontece como deveria, pelo menos especificamente em alguns dos equipamentos estudados. As doses destes, que poderiam ser reduzidas, estão no mesmo patamar das outras, e o motivo mais provável é o uso inadequado deste tipo de aparelho.

Segundo Freitas, o trabalho ainda não está maduro o suficiente para afirmarmos que o procedimento padrão nos hospitais de São Paulo é realmente o de aplicar a mesma dose para os pacientes das diversas faixas etárias. Ele indica apenas que nos centros hospitalares que atendem ao público geral essa prática é comum. Em uma nova etapa do estudo serão enfocados prioritariamente hospitais especializados no tratamento infantil, com o objetivo de fornecer um panorama melhor do tratamento destinado às crianças.

Enquanto os níveis de radiação para a exposição infantil não forem delimitados, não será possível definir as recomendações de procedimentos a fim de minimizar os eventuais danos causados pela radiação. E, se os técnicos não forem orientados sobre como fazer a regulagem em cada caso, as doses de raios-x recebidas pelos pacientes poderão estar além da medida necessária.

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