ISSN 2359-5191

28/04/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 03 - Sociedade - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Professor da FAU relaciona formas plástica e arquitetônica

São Paulo (AUN - USP) - “Sobre a beleza e a forma plástica na arquitetura é que vou lhes falar”. Esta frase de Oscar Niemeyer, resume da melhor maneira possível o tema da palestra ministrada no dia 19 de abril pelo professor Dr. Joaquim Guedes, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - FAU USP, teve como tema central a questão da forma na arquitetura. O evento se deu na FAU Maranhão, sede da Pós-Graduação.

Guedes iniciou a palestra com um texto daquele arquiteto, extraído do livro A Forma na Arquitetura (1978): “Forma designa formato, figura, contorno, jogo de volumes visíveis, tratamentos de superfícies, conjunções de cheios e vazios, enfim, o conjunto das características plásticas visuais do objeto arquitetônico com ênfase na sua exterioridade escultural”. Segundo o professor, Niemeyer toma essas características como prioritárias para o projeto. E acrescenta: “para uns é a função que encontra, para outros um projeto e a beleza, a fantasia, a surpresa, que constitui para mim a própria arquitetura”.

Falar de arquitetura social num país capitalista é, como declarou Engels, uma atitude paternalista, que se pretende revolucionar. O importante é mudar a sociedade. “esta é a reforma de base indispensável para a arquitetura mais humana. Retomar tal atitude, na visão de Guedes, é a única atitude responsável no caso de realmente haver interesse com problemas sociais”.

Nesse contexto conceitual, a ênfase da forma é antes de tudo, uma atitude que abdica da pretensão de consertar a vida pela arquitetura e como que dispensa a forma arquitetônica da sua missão. Pôs-se aí a arquitetura na situação institucional que outras modalidades artísticas tradicionais como a pintura, a escultura ou a música ocupa na nossa sociedade embora muitas vezes há contragosto daqueles que produzem. As obras nunca se desvencilham de seu caráter afirmativo“.

Para Niemeyer, a forma arquitetônica é forma plástica e dadas as circunstâncias sociais que a arquitetura não pode curar efetivamente, a forma plástica se tornou essencial Assim, pode-se dizer que o conceito de forma arquitetônica utilizado significa algo como a forma plástica total. Essa forma abrangente está apenas no plano abstrato, de representação das obras de arte, não no plano concreto, das relações de convívio. Guedes exaltou a postura modesta de Niemeyer, que entende esse conceito como pessoal e não como algo a ser seguido genericamente pelos arquitetos.

A chamada forma seria a operadora responsável pelas expectativas externas do projeto. Do mesmo modo que articulação funcional corresponderia aos usos previstos. Um projeto satisfatório do aspecto funcional e técnico, mas fracassa no aspecto formal, o que significa um projeto feio. Embora se imagine que os usos previstos ocorram ali sem maiores problemas e que a construção seja viável nos meios escolhidos.

Segundo Graeff, arquiteto também citado por Guedes no evento, “a confusão estabelecida entre forma arquitetônica e forma plástica perturba o esclarecimento da questão da natureza específica da Arquitetura”. E permanece refém da idéia da arquitetura como arte plástica.”A arquitetura não tem a função de gerar coisas belas, mas a geração da forma arquitetônica é comparável à geração de obras plásticas”, acrescenta.

O professor encerrou a apresentação reforçando a importância de se entrar em contato com o espaço construído. E aqui, entende-se espaço como seu uso e a infra-estrutura existente. Além disso, Guedes ressaltou a importância da admiração e prazer pela cidade construída como ela é.

Leia também...
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br