ISSN 2359-5191

26/05/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 06 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Química
Laboratório desenvolve aplicações para controle de qualidade

São Paulo (AUN - USP) - O consumidor pode medir parte da qualidade dos produtos através do prazo de validade, mas existem alguns aspectos do processo de fabricação que não podem ser verificados pelo rótulo. Nesse âmbito trabalha o Laboratório de Cromatografia e Eletroforese Capilar, do Instituto de Química da USP, desenvolvendo técnicas e metodologias de controle de qualidade em diversas áreas, como ambiental, médica e de produtos alimentícios.

Criado no final de 1997, o grupo liderado pela professora Marina Franco Maggi Tavares procura estruturar metodologias que estão na base da supervisão que indústrias e produtores de vários segmentos mantêm (ou pelo menos deveriam manter) sobre seus produtos. Produtos alimentícios industrializados como leite e cereais, por exemplo, possuem açúcares, antioxidantes corantes e muitos outros aditivos. “Tudo isso tem de ser controlado, pois há certos níveis que são permitidos. Tudo tem que se manter num certo nível de concentração pra ter o efeito esperado sem ser prejudicial à saúde”, diz a professora.

O laboratório geralmente não trabalha diretamente “para fora”, mas já prestou serviços para órgãos externos, como o Ministério da Saúde. Na ocasião, foi requisitada a análise de uma impureza em um determinado componente do coquetel anti-AIDS. A matéria-prima era importada da China e o medicamento formulado no Brasil, mas o controle de qualidade era feito no exterior. Esse controle foi adaptado pelo grupo para ser feito no país, o que diminuiu custos e fez do grupo um laboratório de referência para esse tipo de análise.

Mais recentemente, o laboratório pesquisa aplicações no controle de drogas de abuso. A técnica utilizada detecta o consumo de determinadas drogas através do cabelo do indivíduo. “O cabelo é mais ou menos um retrato do que a pessoa tem ingerido ao longo de vários meses”. O método mais difundido, entretanto, que se dá através do exame do sangue, é menos eficaz. “Se a pessoa toma uma droga, espera dois, três dias e faz uma análise”, pode-se ter uma “falsa impressão de que ela está ‘limpa’”, afirma a professora, que planeja realizar um estudo de mapeamento do uso de drogas entre adolescentes em escolas públicas. Essa técnica é chamada eletroforese capilar, mas o “capilar” não se refere ao fato de utilizar o cabelo (como se poderia pensar), pois o método pode servir para outros tipos de estudo que não o utilizam como objeto de análise. Essa denominação vem do fato de o exame ser feito em um tubo muito fino, “da espessura de um fio de cabelo.”

Outra vertente importante da pesquisa lida com o meio-ambiente. A professora Marina Tavares trabalha atualmente para efetivar um projeto em parceria com a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), órgão ligado à Secretaria do Meio-ambiente do Governo de São Paulo. A proposta, realizada no final de 2003, consiste em recolher água nos locais em que a Cetesb trabalha para fazer análise e monitoração de resíduos de medicamentos em 150 pontos do estado. Remédios para dor de cabeça, pressão alta e hormônios femininos compõem “um coquetel de medicamentos mais comuns que são consumidos em quantidade elevada pela população e podem estar afetando copos de água, rios ou mesmo pontos em que a Sabesp capta água para abastecimento”, alerta a professora. Existe o controle de diversos detritos na água de abastecimento, como de compostos cancerígenos, mas “há classes de medicamentos que não estão sendo analisados no momento por simples falta de metodologia”, afirma. Como já recebeu um parecer verbal positivo por parte da Cetesb, a professora espera que o projeto comece a ser implantado em pouco tempo.

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