São Paulo (AUN - USP) - Outono, acúmulo de poluição na atmosfera, falta de chuvas, isso parece tão distante das terríveis tempestades de verão, que causaram transtornos e perdas pela cidade. Mas é nesse momento em que as chuvas são lembranças remotas para a maioria dos paulistanos, que a preocupação com as medidas preventivas se faz necessária.
E foi pensando nisso que no início de maio foi entregue à sub-prefeitura do Butantã um relatório técnico sobre a erosão e o conseqüente assoreamento da Bacia do Ribeirão Pirajussara.
O projeto “Erosão Zero” mostra que este fenômeno é realmente um dos principais fatores causadores do assoreamento, isto é, da obstrução por sedimentos de canais, o que resulta na ocorrência de enchentes. O trabalho realizado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) identificou 500 pontos de produção de sedimentos na região do Pirajussara.
O grupo formado por oito profissionais das áreas de geografia, geologia e engenharia mapeou as áreas de erosão com o apoio de imagens aéreas e de um minucioso trabalho de campo. A escolha do local de pesquisa se deu a partir de um projeto desenvolvido em 1992, pelo IPT, sobre a erosão nas bacias dos rios Pinheiros e Tietê, que mostrou a bacia do Pirajussara como uma das mais críticas.
No caso da bacia estudada, o projeto mostra que as principais fontes de sedimentos são os loteamentos sem pavimentação, os terrenos desmatados, com sua superfície em exposição e as margens dos cursos d’água sem cobertura vegetal.
O objetivo do estudo é reter os sedimentos na origem antes que chegue nas grandes drenagens. Kátia Canil, pesquisadora e coordenadora do trabalho, afirma que, atuando na prevenção, o acúmulo de sedimentos em cursos d’água é minimizado. O relatório prevê as medidas preventivas necessárias, que são: a construção e limpeza de bocas de lobo (microdrenagem), a canalização de córregos (macrodrenagem), a construção de gabiões (um tipo de muro de sustentação, feito de pedras arrumadas dentro de uma tela), e a pavimentação e limpeza dos piscinões já construídos.
A pesquisadora destaca que a função dos piscinões é retardar o escoamento da água durante eventos de chuvas intensas. Sua construção diminuiu o número de enchentes, mas devido à falta de limpeza alguns reservatórios estão obstruídos , perdendo sua utilidade.
Com o resultado do estudo, a prefeitura de São Paulo tem informações para a realização de obras preventivas nas áreas de maior necessidade. Um novo estudo já foi iniciado na região do rio Aricanduva, área amplamente conhecida pelas habituais enchentes.