ISSN 2359-5191

26/05/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 06 - Saúde - Faculdade de Odontologia
Marca de mordida permite identificação precisa.

São Paulo (AUN - USP) - A pesquisa desenvolvida pelo aluno de pós-graduação Jeidson Marques e pelo professor Moacyr da Silva da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo obteve resultados “impressionantes”, segundo Jeidson. Em dez dos doze alimentos mordidos foi possível a identificação com segurança do responsável pela mordida. Nos outros dois casos, entre as 50 pessoas que participaram da pesquisa, foi possível excluir 45 como quem não poderia ter mordido aquele alimento. Jeidson defendeu no dia 17 sua tese de mestrado baseado nessa pesquisa. A pesquisa já dura mais de um ano e é uma das únicas desenvolvidas no campo da Odontologia Legal.

Jeidson utilizou três tipos de alimentos: maçã, chiclete e chocolate. “Foram escolhidos esses alimentos por representarem grupos de alimentos em que se possa remover uma parte e ainda ter a marca do dente no restante”. As pessoas que participaram da pesquisa foram 50 alunos da Faculdade de Odontologia que já tinham os moldes das suas arcadas dentárias e uma boa higiene bucal, o que dificultava a identificação. Segundo Jeidson esse era um dos objetivos da pesquisa, identificar quem mordeu um alimento entre pessoas com bocas as mais parecidas possíveis. Qualquer detalhe, como dentes afastados ou quebrados, facilitaria a identificação por serem características individuais, por isso os pesquisadores optaram por pessoas com arcos dentários mais perfeitos.

A identificação baseia-se na comparação de modelos dos arcos dentários com as marcas de mordidas nos alimentos através de quatro técnicas diferentes. Entre elas, três eram técnicas manuais e uma utiliza computação gráfica, através da sobreposição de imagens no programa de computador Adope Photoshop 6.0. Jeidson disse que obteve menor margem de erro justamente nas comparações feitas a mão com aparelhos de grande precisão como o paquímetro digital (instrumento usado para medir pequenas distâncias), o que favorece a utilização desse procedimento em lugares que não dispõem de computadores. A importância da pesquisa está nas suas possíveis utilizações para a identificação de suspeitos em crimes quando não existam outros vestígios como impressões digitais ou amostras de DNA, exemplo a saliva. Em 2000, um bombom mordido deixado na cena do crime foi o suficiente para incriminar o suspeito de assalto, no Brasil. “Não existem muitos peritos em Odontologia Legal na polícia, e muitas vezes essas marcas passam despercebidas”.

Jeidson espera agora que essa técnica seja divulgada e que possa ser largamente utilizada pela policia de outros estados. Pretende lançar seu trabalho em um livro até o fim deste ano. Mas diz que seu trabalho ainda não acabou. Seu próximo projeto será o estudo e identificação através de mordidas deixadas na pele, que ele acredita também será de grande ajuda para resolver casos de violência, principalmente de estupros. Jeidson não recebeu bolsa para a realização dessa primeira pesquisa, mas espera que para o seu projeto de doutorado consiga ajuda financeira.

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