São Paulo (AUN - USP) - Pense na palavra Ãfrica e tente lembrar de suas aulas de história e geografia do colégio. O que você viu? Possivelmente não muito mais do que um grande fornecedor de mão-de-obra escrava no meio de alguns desertos. Talvez algo sobre diamantes e conflitos tribos guerreando. E só.
Não, não foi porque você cabulou aulas. Trata-se de uma real nuvem de desconhecimento que paira sobre tudo que é mostrado (ou omitido) sobre o continente africano. Nos livros didáticos, nos meios de comunicação etc.
Na contra-mão dessa tendência encontram-se cursos como o promovido pelo Centro de Estudos Africanos (CEA), com apoio do Departamento de Antropologia da USP. âIntrodução aos Estudos de Ãfricaâ tem como objetivo principal explorar diferentes aspectos que envolvem a região. Os professores do curso são Carlos Moreira Henriques Serrano e Kabengele Munanga, ambos antropólogos de origem africana e naturalizados brasileiros. Segundo o professor Carlos Serrano, também atual diretor do CEA, é preciso superar âum silêncio a respeito da história da Ãfrica que existe em todo o lado, bem como combater certos estereótipos que foram construÃdos ao longo do tempoâ. Exemplos não faltam. O professor cita a forma como as relações são retratadas na mÃdia, em que um conflito em outra região é denominado âétnicoâ, enquanto as disputas africanas são sempre taxadas como âtribaisâ.
O público almejado pelo curso é direcionado: professores do Ensino Fundamental e Médio, público ou privado. Isso porque o ciclo culmina com a aula âÃfrica nos livros didáticos: uma abordagemâ, justamente para colocar a discussão no nÃvel de mudanças pedagógicas concretas. Muitas vezes, quem procura o curso já vem implementando alternativas com seus alunos. âTem gente que trouxe como trabalho final o que já estava fazendo em sala-de-aulaâ, confirma Serrano. Como eles estão fazendo? âInstigando os alunos a pesquisar, principalmenteâ, diz. Segundo o professor, isso pode ser feito por meio de representações, de música, de dança, e um pouco de literatura e análise de recortes de jornal sobre o tema. âA intenção é tentar desconstruir esses discursos e colocar uma nova perspectivaâ, fala o professor.
As aulas são à s quintas-feiras à noite e têm inÃcio no próximo dia 12 (aula de apresentação). Há um máximo de 80 alunos e as inscrições duram enquanto houver vagas. O valor do curso é de R$ 60,00 para professores ativos da rede pública e R$ 120,00 para os demais interessados. Mais informações no telefone (11) 3091-4645.