Teses e Dissertações

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"A função da confidencialidade: bioética e incesto"

Tese de Doutorado / Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo / Fisiopatologia Experimental
Autora: Gisele Joana Gobbetti.
Ano de obtenção: 2006.

Resumo:
O presente estudo pretende construir uma reflexão sobre a função da confidencialidade para os profissionais de saúde que lidam com pessoas envolvidas em casos de incesto, na tentativa de avaliar os limites éticos destas intervenções. A metodologia utilizada constituiu-se por uma reflexão teórica baseada na experiência de trabalho da autora no CEARAS, referendada pela Bioética e pela Psicanálise e ilustrada por uma pesquisa realizada com os profissionais de saúde, incluindo os médicos, enfermeiras, técnicas e auxiliares de enfermagem e assistentes sociais do Pronto-Atendimento Pediátrico do Hospital Universitário da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Entrevistas livres de exploração sobre a possibilidade de atendimento a crianças e adolescentes com suspeitas de abuso sexual e o modo de lidar com estas questões foram realizadas com os profissionais. As entrevistas foram gravadas e transcritas para serem analisadas através do método de análise de conteúdo. O atendimento de pacientes envolvidos em situações de abuso sexual é considerado pelos profissionais de saúde como um problema de difícil abordagem. A ausência do conflito entre a quebra do segredo profissional e a manutenção do vínculo de confiança entre profissional de Saúde e paciente em situações de incesto demonstra a dificuldade de os profissionais lidarem com tais casos e discriminarem a função de um profissional de saúde, pelo incesto se tratar justamente do tabu estruturante do ser humano.


"Incesto e saúde mental: uma compreensão psicanalítica sobre a dinâmica das famílias incestuosas"

Tese de Mestrado / Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo / Medicina Legal
Autora: Gisele Joana Gobbetti.
Ano de obtenção: 2000.

Resumo:
A possibilidade da transgressão da lei máxima que rege a nossa cultura é um fator inquietante. O incesto, ao mesmo tempo em que atrai nossa atenção, é um tema que causa resistência a reflexões por abarcar um desejo presente em todo ser humano. Segundo os estruturalistas, a interdição do incesto é um fator cultural e necessário para o desenvolvimento psico-social do indivíduo. De acordo com a Psicanálise, a não atuação do incesto favorece a estruturação do aparelho mental em Id, ego e superego. O presente estudo tem como objetivo ampliar a compreensão sobre o tema, visando a observação da dinâmica das famílias onde esta interdição não ocorreu, já que o incesto abarca estes dois conceitos: família e abuso sexual. A metodologia utilizada foi a avaliação de dados obtidos pela autora no seu trabalho em um serviço de atendimento a famílias incestuosas (CEARAS - Centro de Estudos e Atendimento Relativos ao Abuso Sexual - Faculdade de Medicina da USP). Estes dados referem-se a: grau de parentesco entre as pessoas diretamente envolvidas na relação sexual, tipo de relação incestuosa, duração da relação e por quem foi feita a denúncia. Uma avaliação qualitativa destes dados foi completada por estudos de caso com material clínico de quatro atendimentos familiares. A teoria utilizada para a compreensão destes fenômenos foi a psicanalítica. Na relação incestuosa, foi percebido que existe o envolvimento, direto ou indireto, de todos os membros da família e que a violência do incesto não pode ser traduzida apenas pela relação sexual, mas principalmente pela não diferenciação das funções familiares.


"Desfecho da gravidez por violência sexual intrafamiliar e extrafamiliar entre crianças e adolescentes"

Tese de Mestrado / Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo / Fisiopatologia Experimental
Autora: Valeria Aparecida Campos Soares Panhoni.
Ano de obtenção: 2017.

Resumo:
Introdução: A violência sexual na infância e adolescência tem ocupado espaços de prioridade nas agendas do setor de saúde. Presente em diferentes espaços da sociedade, inclusive dentro da família, a violência deve ser olhada não apenas para a demanda do momento, mas com vistas às futuras gerações. Dentre as várias consequências físicas e emocionais que podem ser associadas ao estupro de crianças e adolescentes, os riscos físicos atrelados a uma gravidez precoce que, além de violar a dignidade sexual da pessoa, pode devastar a infância e adolescência destas jovens mulheres, retratando grave questão de saúde pública. Neste sentido, nota-se nessas gestantes, ausência de informações sobre a gravidez, suas consequências e seus direitos. Para o atendimento da gestação decorrente de estupro é estabelecido que os serviços de saúde ofereçam três opções de desfecho: manter a gestação até o término e incluir o recém-nascido na família, manter a gestação até o término e entregar o recém-nascido para adoção, ou recorrer ao aborto previsto em lei. Objetivo: Analisar e refletir sobre as características de violência sexual entre crianças e adolescentes com alegação de gravidez decorrente de estupro e incesto, frente às opções de escolha para os desfechos estabelecidos pela normativa brasileira para o atendimento nos serviços de saúde. Método: Estudo de abordagem quanti-qualitativa, descritivo, transversal por amostra de conveniência com 531 crianças e adolescentes entre 10 e 18 anos atendidas no Hospital Pérola Byington, entre 1994 e 2014, com alegação de gravidez por estupro. A relação entre o tipo de violência sexual intrafamiliar ou extrafamiliar e as variáveis de estudo foi investigada por Razão de Prevalência e Intervalo de Confiança de 95%, com teste de Qui-quadrado de Pearson. Para análise qualitativa utilizou-se a técnica de vinhetas documentadas em prontuário, representado por 10% dos dados originais na especificidade da violência sexual intrafamiliar. Empregou-se o referencial psicanalítico articulado à Bioética objetivando aprofundar o estudo. Resultados: Foram 401 (75,5%) gravidezes decorrentes de violência sexual extrafamiliar e 130 (24,5%) intrafamiliar. Nos dois grupos estudados a escolha das gestantes foi pelo aborto - 90% no intrafamiliar e 85,5% no extrafamiliar. Apesar da opção de realizar o aborto estar presente em ambos os grupos, nem todas as gestantes puderam realizá-lo. No grupo extrafamiliar, prevaleceu o percentual de 25,8% referido à gestação prévia ou posterior ao estupro como motivo para a não realização do aborto, enquanto no intrafamiliar, foi à idade gestacional > 22 semanas (19,2%), fator técnico inibidor para a interrupção da gestação. Conclusão: Desvelou-se a opção e a autonomia de escolha pelo aborto previsto por lei entre as crianças e adolescentes grávidas em decorrência de violência sexual nos dois grupos estudados, porém com diferença nos desfechos. As razões impeditivas do aborto legal foram diferentes nos dois grupos. No extrafamiliar, por questões legais, da justiça. No intrafamiliar, por questões da saúde


"Incesto e desenvolvimento humano: considerações a partir de uma abordagem psicanalítica."

Tese de Mestrado / Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo / Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano
Autora: Carla Júlia Segre Faiman.
Ano de obtenção: 2003.

Resumo:
O presente trabalho consiste em um estudo do incesto entre pai e filha (ou padrasto e enteada) a partir de um enfoque psicanalítico. A prática clínica serve como ponto de partida para a reflexão, que se desenvolve através da aplicação da psicanálise na compreensão dos aspectos emocionais presentes nas situações em questão. A interdição ao incesto é considerada um elemento fundamental no desenvolvimento do ser humano, tanto no nível individual ou familiar, como no que se refere ao aspecto social. O incesto entre pai e filha transgride esta norma, denunciando uma falha ou distorção no exercício das funções parentais, que são referências básicas para o desenvolvimento emocional. Os conceitos de narcisismo e de superego são utilizados na compreensão da dinâmica psicológica envolvida na violência sexual incestuosa cometida por pais. Esta pode, em alguns casos, denotar um nível de angústia que ameaça o funcionamento psíquico, para o qual a única resposta que se afigura, para determinado perfil de pessoas, é a atuação violenta. A concretização do incesto corresponde à realização dos impulsos proibidos identificados como a base do complexo de Édipo. No entanto, a prática clínica demostra que a atuação incestuosa geralmente não corresponde à simples satisfação direta destes impulsos, o que se confirma na ampla variabilidade de configurações emocionais presentes em diferentes famílias com ocorrência de incesto. Diversos contextos e diferentes repercussões associam-se a cada vivência de incesto, que deve ser analisada em sua complexidade e em sua particularidade.


"Famílias Incestuosas: Diferenciação das funções familiares."

Tese de Mestrado / Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo / Fisiopatologia Experimental
Autora: Mariana Lanna Pinheiro.
Ano de obtenção: 2015.

Resumo:
Introdução: A presente dissertação foi desenvolvida com o intuito de investigar as possíveis mudanças na dinâmica das famílias incestuosas, após intervenção do tratamento psicoterapêutico. A hipótese é de que mudanças primárias e secundárias ocorrem nas famílias encaminhadas ao Centro de Estudos e Atendimentos Referente ao Abuso Sexual (CEARAS) a partir do tratamento proposto. Essa dissertação foi elaborada a partir de uma perspectiva psicanalítica, com enfoque psicossocial, na qual o sujeito é considerado a partir de sua imersão na cultura. Para tanto, se tomou como base de reflexão o trabalho desenvolvido por este Centro de Estudos, em relação às famílias incestuosas. Objetivo: Refletir sobre as mudanças primárias e secundárias apresentadas pelas famílias incestuosas que foram atendidas no CEARAS. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa retrospectiva documental. Foram analisados os prontuários de 19 famílias atendidas no CEARAS no período de 1993 a 2013 que compuseram a amostra final. Levantaram-se as informações sobre os atendimentos, condições de prontuários e quanto ao tratamento. As mudanças descritas nos prontuários foram divididas em dois grupos: mudanças primárias e secundárias. Uma análise descritiva e quantitativa das variáveis foi realizada. Resultados: A maior parte das famílias que foram encaminhadas para o CEARAS não finalizaram o tratamento proposto. Em relação às mudanças observadas, 53% das famílias apresentaram mudanças primárias e secundárias, 37% primárias e 10% secundárias. Em relação às mudanças primárias, a simbolização das funções familiares foi a mais frequente e a autonomia do membros familiares a menos frequente nos prontuários analisados. Não houve predomínio de mudanças secundárias. Observou-se um maior número de mudanças nas familías que não passaram pelo processo de troca de terapeutas. Conclusão: Percebeu-se a viabilidade do trabalho, o quanto ele se faz necessário. A pesquisa apontou que as mudanças primárias e secundárias são possíveis de acontecer através da terapia familiar. A transferência das famílias não ocorre somente com a instituição, mas também com os terapeutas envolvidos no tratamento.


"Categorias das atuações incestuosas: funcionamento familiar e psicanálise."

Tese de Mestrado / Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo / Fisiopatologia Experimental
Autora: Maria Carolina Madeira Benini.
Ano de obtenção: 2012.

Resumo:
Atualmente há uma grande mobilização social envolvendo a questão do abuso sexual, tamanha a ocorrência deste fenômeno. A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que entre 7-36% de meninas e 3-29% de meninos já sofreram abuso sexual em algum momento de sua vida. No entanto, muitos dos casos de abuso sexual acabam não sendo revelados e notificados, agravando a situação por não ter a possibilidade de obter tratamento para os envolvidos. O incesto, abuso sexual que ocorre dentro da família, é um tipo de violência sexual que apresenta uma dinâmica específica, que não somente a violência envolvendo seus participantes. O presente trabalho se apoia na visão psicanalítica para a compreensão das características desta dinâmica familiar, pois a trama incestuosa indica que houve uma falha na estruturação mental de todos os participantes, demarcando uma leitura intra/intersubjetiva e relacional para além de um estigma agressor e uma vítima. Objetivos do trabalho: refletir acerca de categorias de funcionamento psíquico destas famílias, que serão vislumbrados dentro do eixo psicanalítico e analisados a partir de dados apreendidos em entrevistas de triagens obtidas em uma instituição que oferece tratamento para tal população e frente a um questionário elaborado, cujo produto foi a construção de um inventário para detecção de atuação incestuosa.


"A filha da mãe: a transgeracionalidade do incesto."

Tese de Mestrado / Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo / Fisiopatologia Experimental
Autora: Livia Lemos Zanin.
Ano de obtenção: 2017.

Resumo:
O abuso sexual no Brasil tornou-se um problema de saúde pública não só pelos altos índices de ocorrência desse tipo de violência, mas também pelos efeitos que essa prática causa no corpo e no psiquismo de quem o sofre. O incesto é a forma mais comum de abuso sexual e suas consequências podem alcançar futuras gerações. Há poucos estudos brasileiros que investigam o histórico de experiências abusivas em pais de crianças e adolescentes que sofreram violência sexual. Esta pesquisa realizou o levantamento de 346 prontuários das famílias com histórico de abuso sexual intrafamiliar atendidas no Centro de Estudos e Atendimento Relativos ao Abuso Sexual (CEARAS), entre 1993 e 2016, com o objetivo de caracterizar a população da instituição e verificar a repetição do abuso sexual na história do grupo familiar, em especial na história de vida da mãe. A metodologia quantitativa foi utilizada e conceitos psicanalíticos de abordagem freudiana foram apresentados para embasar a discussão. O levantamento revelou que a denúncia do abuso sexual intrafamiliar aconteceu em maior frequência nas meninas (82%) quando comparada aos meninos (17%). A maior incidência desta forma de violência ocorreu na infância (0 a 12 anos), tanto para meninas (61,1%) quanto para meninos (80%). Na maioria dos casos, durante o período da infância, a denunciante, em ambos os sexos, foi a mãe (44,2%). Porém, no período da adolescência da menina, a mãe (29,6%) e a própria adolescente (29,6%) denunciaram em igual proporção. Nenhum adolescente do sexo masculino realizou a denúncia. Grande parte do abuso sexual aconteceu durante longa duração (42%). O tipo de abuso sexual mais comum nas meninas foi o ato libidinoso (73,3%), comparado com a conjunção carnal (14%). Os perpetradores da violência sexual foram, na maioria dos casos, do sexo masculino (97,6%). Na infância da menina, o abuso sexual foi perpetrado em sua maioria pelo pai (51,5%), seguido de parentes (17%) e padrasto (14%). Na infância dos meninos, o pai (56,3%), parentes (12,5%) e a mãe (8,3%) foram as pessoas que mais cometeram o abuso. Os resultados também revelaram que em mais da metade da população do CEARAS (60%), outros casos de abusos sexuais aconteceram em gerações anteriores e com outras pessoas da mesma família. A ocorrência de experiências sexuais abusivas não denunciadas no histórico de vida dos pais foi encontrada em 87 (25%) casos. O histórico de abuso nos pais de crianças ou adolescentes que sofreram violência sexual sugere a existência do fenômeno da transgeracionalidade do incesto. Na nossa amostra total, 71 mães (20%) revelaram experiências abusivas na infância ou adolescência. O histórico de abuso sexual na mãe foi considerado um forte potencial para a transmissão geracional do abuso sexual na filha. Considera-se o incesto um ciclo, que tende a se repetir se não for interditado.