LEER USP promove o Seminário "Cinema, História e Saúde"

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LEER USP

O Seminário "Cinema, História e Saúde", promovido pelo Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação da USP (LEER) em parceria com a Cinemateca Brasileira, divulga os primeiros resultados do projeto “As doenças e os espaços de exclusão”, envolvendo pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento sob a coordenação da historiadora Profa. Dra. Yara Monteiro.

O tema é decorrente do projeto anterior "As doenças e os medos sociais", publicado no livro com o mesmo título pela Editora da UNIFEST. 
Este livro pode ser adquirido junto ao LEER: leer@usp.br ou no dia do evento.

Diante destas novas investidas, um conjunto de documentários inéditos foram encontrados na Cinemateca Brasileira, pelo historiador desta instituição Rodrigo Archangelo, pesquisador LEER e da Cinemateca.
A documentação analisada nos ajuda a entender os estigmas contra os pacientes de certas doenças que, no dia-a-dia, são discriminados pela sociedade e tratados como párias sociais. 

Serviço:

Seminário "Cinema, História e Saúde"
Data 19/11/2016
Horário: 15h às 19h 
Local: Cinemateca Brasileira - Sala Petrobras
Largo Senador Raul Cardoso, 207 - Vila Clementino | São Paulo/SP
Tel. 11 3512 6111
Entrada franca 
Inscrições gratuitas e informações: leer@usp.br

Confira a programação completa:

15h00  - Abertura
Olga T. Futemma (Cinemateca Brasileira)
Profa. Dra. Maria Luiza Tucci Carneiro (FFLCH-USP / LEER-USP) 

15h20 - Mesa 1: O CINEMA, A POLÍTICA E A SAÚDE
Coordenação: Profa. Dra. Maria Luiza Tucci Carneiro
Diagnóstico de uma nação: a Saúde na propaganda de Adhemar de Barros nos cinemas. 
Palestrante: Prof. Dr. Rodrigo Archangelo (Cinemateca Brasileira / LEER)
Resumo: Na redemocratização pós-46 estratégias políticas visavam o maior alcance sobre o eleitorado. Nesse contexto, a campanha política de Adhemar de Barros em cinejornais ganhou destaque ao conectar a agenda adhemarista aos valores latentes na sociedade paulista. Mesclando tradição e dinamismo, o médico e visionário “Dr. Adhemar” deixou sua marca em nossa cultura política.
Filme: Fragmentos do cinejornal BANDEIRANTE DA TELA (DCB, 10 minutos, 1947-1956).

A importância da filmografia para a implantação do isolamento do paciente de lepra no Brasil. 
Palestrante: Profa. Dra. Yara Nogueira Monteiro (Instituto de Saúde / LEER-USP)
Resumo: Ainda hoje a Hanseníase se constitui em grande problema de Saúde Pública no Brasil, que ocupa o segundo lugar no mundo em incidência da doença. Ao estudar a sua história, verifica-se que a partir dos anos 1930 medidas de extremo rigor foram adotadas. Locais de isolamento foram construídos e os doentes compulsoriamente internados. Para implantação dessas medidas o apoio da população era necessário. Filmes oficiais foram realizados, onde os locais de segregação eram apresentados como aprazíveis e a segregação como obra benemérita.
Filme: O combate à lepra no Brasil (INCE, 1946, 14min, sonoro, dir. Humberto Mauro).

16h30 – Debate

16h45 Intervalo (Coffee Break)

17h10 - MESA 2: HISTÓRIA E MEMÓRIA, A SAÚDE EM REGISTROS AUDIOVISUAIS.
Coordenação: Prof. Dr. Rodrigo Archangelo 
Cinema, Saúde e o controle sobre a vida moderna.
Palestrante: Prof. Dr. Adilson Inácio Mendes (Instituto Butantan)
Resumo: Desde as fotografias das pacientes histéricas de Charcot, a loucura tem sido captada pelas artes da imagem de maneira a evidenciar nos gestos as fronteiras visíveis entre o inconsciente e o consciente. Ao longo de sua história, o cinema narrou a loucura, registrou suas formas, analisou instituições e até contribuiu para a classificação de patologias em sua vontade de tudo mostrar.
Filme: Convulsoterapia elétrica  (INCE, 1943, 15min, sem som, fot. Humberto Mauro).

Anotações sobre um leprosário.
Palestrante: Prof. Dr. Bruno Giovannetti (LEER-USP)
Resumo: Os leprosários eram os lugares mais temidos no imaginário popular. Terra sem leis – desespero, abandono – terra sem volta. O “leprosário” Souza Araújo, no Acre, tem um século de existência e acompanhou os últimos capítulos de um pesadelo que se perde nos milênios. Através dele lançamos um olhar mais amplo sobre uma doença que, ainda hoje, insiste em marcar presença no país.
Filme: Imagens esquecidas de um leprosário no Acre (2015, 15min, dir. Bruno Giovannetti).

18h20  - Debate 

18h45 – Encerramento

PALESTRANTES
Adilson Inácio Mendes é historiador, com doutorado em Ciências da Comunicação (ECA-USP). Autor de Trajetória de Paulo Emilio (Ateliê, 2013) é animador do Cine Butantan, cineclube científico de experimentação.

Bruno Giovannetti é doutor pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo-USP. Autor de Arquitetura Italiana em São Paulo (Empresas das Artes, 1994) e Ateliês Brasil: artistas contemporâneos de São Paulo (coautor, Edusp, 2005), entre outros. Pesquisador LEER-USP nas áreas da imigração, descriminação e arte, com pós-doutorado em curso sobre cemitérios históricos em São Paulo (Sociologia, FFLCH-USP).

Rodrigo Archangelo é historiador, com doutorado em História Social (FFLCH-USP). Autor de Um bandeirante nas telas de São Paulo (Alameda, 2015) é pesquisador da Cinemateca Brasileira, onde há mais de dez anos vem se dedicando à temática dos cinejornais.

Yara Nogueira Monteiroé doutora em História Social (FFLCH-USP). Autora de História da Saúde: olhares e veredas (Instituto de Saúde, 2010) e organizadora (em coautoria com Dra. Maria Luiza Tucci Carneiro) de As doenças e os medos sociais (UNIFESP, 2012). É Pesquisadora do Instituto de Saúde, liderou o grupo de pesquisa Memória e Saúde – CNPq, e coordenadora do Módulo Discriminação, do LEER-USP.

FILMES

Bandeirante na tela. SN (1950)
Cinejornal São Paulo – SP: Divulgação cinematográfica bandeirante.
4min (trecho), PB, sonoro.
Sinopse: Com o tema da “Saúde Pública”, esta edição de 1950, não identificada, narra os aspectos da rede pública hospitalar instalada no governo do Dr. Adhemar de Barros.

Bandeirante na tela especial - Um homem capaz (1954)
Cinejornal São Paulo – SP: Divulgação Cinematográfica Bandeirante.
4min (trecho), PB, sonoro.
Sinopse: Nesta propaganda política sobre as realizações adhemaristas, destaque para a visitação a pacientes em hospitais, e a distribuição de presentes aos pobres.

Bandeirante na tela. N. 679 (1955)
Cinejornal São Paulo – SP: Divulgação Cinematográfica Bandeirante.
2min18seg (trecho), PB, sonoro.
Sinopse: No seu aniversário, dona Leonor é homenageada em Campos do Jordão. Ao lado de seu marido, Dr. Adhemar, visita pacientes em hospitais e distribui presentes aos pobres.

O combate á lepra no Brasil (1946)
Documentário Rio de Janeiro – DF: INCE – Instituto Nacional de Cinema Educativo.
Dir. Humberto Mauro.
14min, PB, sonoro.
Sinopse: A lepra no Brasil e as medidas para o seu combate: a chegada ao século XVI; as instalações de leprosários brasileiros; as modalidades de exames e procedimentos clínicos; a adoção de filhos de casais leprosos; e as instituições mantidas pela Sociedade de Assistência aos Lázaros.

Convulsoterapia elétrica (1943)
Documentário
Rio de Janeiro – DF: INCE – Instituto Nacional de Cinema Educativo.
Fot. Humberto Mauro
15min, PB, sem som.
Sinopse: As aplicações de convulsoterapia elétrica, também conhecida como eletroconvulsoterapia ou ECT. Experimentos com animais e sessões com seres humanos - internos da Colônia Juliano Moreira, no Rio de Janeiro. 

Imagens esquecidas de um leprosário no Acre (2015)
Documentário
São Paulo – SP.
dir. Bruno Giovannetti
15min, COR, sonoro.
Sinopse: Sinopse: A ocasião faz um documentário. Anos atrás, 2008 no Acre, o diretor de IMAGENS ESQUECIDAS desenvolvia um trabalho sobre desmatamento, quando se deparou com o “leprosário” Souza Araújo. Diante da idade avançada dos internos e da realidade daquele lugar, sentiu a urgente necessidade de colher imagens e depoimentos. Um material que, enfim, pudesse ser de alguma utilidade à compreensão daquele contexto e da história em que se insere.