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Editorial – Trabalho

 

Por clarousp

 

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Desde  pequenos,  somos  questionados  a  uma  definição.  Ainda  crianças,  sabemos  que  o

somos,  mas  almejamos  o  mundo  adulto  com  pressa.  Recebemos  a  mais  comum  das

perguntas tão logo tenhamos consciência de que, um dia, vamos crescer: “O que você quer

ser?”. Ser. Não fazer.

Enquanto  crescemos,  na  rotina  diária  dos  adultos  que  nos  cercam,  nos  programas  aos

quais assistimos na TV e nos brinquedos que ganhamos, por vezes aprendemos que o que

escolheremos  para  a  nossa  carreira  profissional  será  o  que  nos  construirá  enquanto

indivíduos.  Enquanto  pessoas.  Nos  acostumamos  com  a  ideia  e  a  empregamos  com

destreza.  Se  alguém  nos  perguntar  o  que  somos,  com  essas  palavras,  provavelmente

teremos de pensar muito antes de dar uma resposta simples como “sou feliz”.

Estamos  habituados  a  rótulos:  podemos  ser  médicos,  advogados,  professores  ou

engenheiros.  Mas  não  nos  imaginamos  como  a  pessoa  que  sequer  tem  seu  trabalho

reconhecido. A pessoa que é julgada por transpor o senso comum no mundo profissional. A

pessoa desempregada.

Cultivamos sonhos, mas conforme somos realmente chamados à vida adulta, o sistema nos

ensina  que,  muito  além  de  fazer  o  que  gostamos,  a  atividade  que  desenvolveremos  em

nossas  vidas  será a fonte de nosso  sustento. Mais do que isso; lidamos  com o excesso.

Temos de ser bem­sucedidos e acumular não só dinheiro, mas também status e conquistas

de carreira para sermos reconhecidos de alguma forma.

Nesse tipo de lógica torta, talvez demoremos a perceber que, enquanto membros de uma

sociedade  embasada  nesses  valores,  julgamos  as  pessoas  de  acordo  com  seu  trabalho.

Exploramos:  construímos  uma  escala  e  temos  dificuldade  em  reconhecer  os  direitos

daqueles que julgamos profissionalmente inferiores. Desprezamos: não encontramos valia

no que nos parece mais fácil ou menos intelectual. Não vemos que a competição e as duras

cobranças de um sistema que não nos permite a falha podem solapar a tranquilidade e a

paz de espírito absolutamente necessárias a qualquer ser humano.

Apesar de tudo isso, e como tudo na vida, o trabalho tem seu lado bom. Ele pode, sim, ser

um  espaço  de  satisfação  pessoal  e  de realização  de  sonhos,  muitas  vezes  desligado  de

qualquer expectativa financeira. Pode ser um espaço de luta por direitos e reconhecimento,

não só profissionais, mas também humanos. Um espelho de como a sociedade pode mudar

sua organização, suas ferramentas e até seus valores.

E dentro de todas as possibilidades e dificuldades, o trabalho é essencial. Do momento que

nascemos  àquele  em  que  abandonamos  esse  mundo,  seremos  cercados  por  ele,  não

importa se na forma de um sonho, objetivo, ocupação, sobrevivência, fardo ou libertação.

Esta edição do Claro! convida você, leitor, a refletir sobre todas essas nuances do trabalho.

Questione a si mesmo: como elas moldam a sua visão de mundo?

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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