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Profissão: criança

 

Por Breno França

 

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Ela se encontra naquela fase de perder os dentes de leite. E agora, além do banho e da tarefa

de casa, soma­se a janelinha no sorriso tímido. A menina não fala sobre o assunto, mas a mãe

entrega. “Ela  vive reclamando  que  os  dentes  dos  amiguinhos  já  nasceram  e  o  dela  nem  dá

sinal.” Levar pra escola nessa idade  vira o pesadelo dos pais, mas  com a profissão que ela

quer, não dá pra bobear.

Os  cadernos dele  são uma bagunça  só e a profesora tem um trabalho especial para fazê­lo

prestar atenção nas aulas de matemática. A mãe chega em casa à noite e precisa pôr ordem

na  lição  de  casa,  mas  os  desenhos  são  uma  maravilha. “A  gente  foi  obrigado  a  colocar  um

mural no quarto dele antes que ele saísse pintando e desenhando nas paredes.”

Pra  convencer  Sophia  a  ir  pra  escola  é  preciso  treinar  bastante  os  argumentos.  A  avó,

encarregada  do  assunto,  revela  uma  das  soluções  encontradas.  “Ela  disse  que  quer  ser

médica quando crescer, então eu disse que pra ser médica precisa estudar muito. Enquanto

ela  não  mudar  de  ideia,  essa  história  ainda  serve”,  conta  rindo.  Porém,  o  interesse  pela

medicina  surgiu  com  uma  notícia  não  tão  animadora. Diagnosticada  com  uma  doença  grave

aos três meses de idade, Sophia precisou frequentar consultórios desde muito cedo.

No começo do ano, na hora de comprar o material escolar foi uma confusão. Lucas só queria

saber  do  lápis  de  cor  e  das  canetinhas.  “Pra  convencer  ele  de  que  os  livros  também  eram

legais,  eu  tive  que  procurar  uns  desenhos  até  ele  ficar  interessado”,  relata  a  mãe.  Se  a

preferência do menino que quer ser desenhista é pelos desenhos de carro, a família exibe com

orgulho os desenhos que ele fez dos membros da família.

Quando está num consultório qualquer coisa é novidade e motivo de interesse. A mãe conta

que  Sophia  pergunta  de  tudo.  “O  que  as  outras  crianças  têm?  Que  aparelho  o  médico  tá

usando? Ela até já pediu pra mexer no computador do médico, como se ela entendesse.”

Com um lápis e uma caneta como instrumentos e o bloquinho de anotações do telefone, Lucas

quase não pode ser notado na sala. Sua presença só se manifesta quando ele interrompe a

mãe e pede. “A caneta não está funcionado. Me dá outra?”. Passam uma, duas, três horas, e o

garoto não se cansa. O pai revela uma rotina graças ao interesse do filho. “Eu já comprei tantos

gibis diferentes que o jornaleiro até deixa alguns separados pra mim”, conta.

Pra Sophia,  o  médico  precisa  conhecer  cada  parte  do  corpo  humano  pra  descobrir  o  que  a

pessoa tem e dar o remédio certo. “Quando eu crescer eu quero ser médica, porque eu quero

cuidar das  crianças, das pessoas que estão doentes. Daí eu  vou examinar, passar remédio,

cuidar e  ver o que tem que fazer pra elas ficarem boas logo”, imagina animada olhando pra

mãe, que não consegue disfarçar o orgulho.

Já Lucas não parece nada preocupado com o que tem que fazer. Pra ele é muito simples, o

importante é desenhar. “O que eu mais gosto é de desenhar carros. Eu vejo eles na televisão e

faço  parecido,  depois  eu  penduro  no  meu  quarto  e  mostro  pros  meus  amigos  na  escola.” O

gosto do menino por cores fica claro em tudo que ele usa: na camiseta, no tênis, na mochila e

até no óculos.

A vontade de Sophia e a intenção de Lucas nos fazem ter um noção da visão do mundo do

trabalho que eles têm. Mas, com mudanças tão rápidas no mercado e na vida dos pequeninos,

será que tudo vai se realizar?

E você? Conseguiu se tornar o que queria quando criança ou mudou tantas vezes de ideia que

já nem se lembra mais?

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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