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Carta ao leitor

 

Por clarousp

 

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MEA CULPA

Na nossa redação, mais conhecida como sala de aula 38 do Departamento de Jornalismo e Editoração, discutimos que tema poderia suceder o da última edição, Claro! Trabalho. Como bons estudantes de humanas, passamos horas discutindo qual seria a melhor forma de fomentar um debate na nossa Universidade, até porque precisamos justificar os impostos dos contribuintes que pagam a impressão do Claro!. Chegamos à conclusão de que precisávamos de uma abordagem, digamos, niilista, e aceitamos a missão de negar o máximo de estereótipos que essas 12 páginas nos permitem – inclusive sobre nós.
Tarefa laboriosa e mais difícil do que parece. Não somos como o Barão de Münchausen, personagem fictício que, em uma de suas aventuras fantásticas, preso em um pântano, puxou a si mesmo pelos cabelos para fora do perigo. Ou seja: nós mesmos, aspirantes a jornalistas, somos vítimas desse lamaçal de simplificações e generalizações. Antes de apontar dedos, foi necessário perceber que não somos espectadores da sociedade, muito pelo contrário. A própria escolha dos estereótipos desta edição são consequência, inconsciente, da nossa convivência e enfrentamento diário com eles. Os piores estereótipos são do tipo que reproduzimos sem perceber.
Por ironia do destino, o termo estereótipo está vinculado à imprensa: vem da tipografia e significa a reprodução de imagens impressas por meio de formas fixas (do grego sterèos = rígido e tùpos = impressão). Em 1922, Walter Lippman, que, aliás, era jornalista, introduziu o termo nas ciências sociais ao descrever como a opinião pública se forma: através de imagens mentais construídas a partir da realidade. O jornalismo, como meio de comunicação e informação das massas, portanto, está fortemente relacionado com a criação e reprodução dessas imagens simplificadas, os estereótipos. Uma explicação científica para dizer que, bem, parte da culpa é nossa.
Não podemos copiar a realidade, então fazemos simplificações, geralmente grosseiras e rígidas, como os estereótipos originais da tipografia. Em alguns casos, isso ajuda. O mundo é muito grande e complexo: não somos capazes de compreender completamente sua multiplicidade. A mente humana trabalha com simplificações que facilitam o convívio. O problema é quando isso a satisfaz. É aí que a linha entre estereótipo e preconceito se estreita: todo maconheiro é vagabundo, idosos não sabem lidar com as novidades e etc. Verdades criadas por nossa cultura e incutidas em nós para percebermos a realidade de determinada maneira e de maneira determinada: para proteger o status quo. Informações que contradizem os estereótipos são ignoradas ou neutralizadas e as generalizações incluem discriminação.
Assim, nós, companheiros de Lippman, assumimos nossa parcela de culpa: colocamos em pauta as contradições geralmente ignoradas dentro de alguns estereótipos. Afinal, todo estudante de jornalismo é revolucionário e quer mudar o mundo…Claro! que não.

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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