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Entrevista com espírito: Apresentando, Charlie Charlie

 

Por Maria Alice Gregory

 

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Depois de desenhar uma cruz em uma folha de papel, com as palavras “sim” e “não” intercaladas nos setores, faço a pergunta para chamar nosso entrevistado… “Charlie Charlie, você está aí?

Alguns o conhecem pelo trabalho com o Jogo do Copo™, seu projeto mais famoso. Outros só tomaram conhecimento da sua atuação em sua nova empreitada, o viral Charlie-Charlie Challenge. Mas quem é a figura por trás desses jogos sombrios de pergunta e resposta com o sobrenatural? Abaixo, você confere a entrevista exclusiva do Claro! com o gênio por trás do copo.

Charlie-Charlie, você está aí?

[risos] Estou sim. Mas não precisa desse tipo de formalidade agora, podemos conversar numa boa.

Tudo bem então. Você pode nos contar um pouco sobre o que você faz?

Assim, de maneira geral, eu trabalho com consultoria. As pessoas usam o meu serviço para tirar dúvidas e resolver problemas pessoais. A princípio era uma coisa universal, qualquer um podia pegar o Jogo do Copo™ e resolver seus dilemas, mas o caldo começou a engrossar. Tinha gente querendo falar com avô morto pra resolver coisa de herança, o outro queria que eu resolvesse por ele se ele deveria deixar a carreira de médico pra virar dançarino, uma moça chegou até a me perguntar se ela e o marido deveriam desligar as máquinas que seguravam uma tia rica viva pra pegar o dinheiro dela. Sabe? Começou a pesar demais e eu não queria a responsabilidade dessas decisões ruins das pessoas nas minhas costas depois. Então de uns tempos pra cá eu tenho me concentrado mais em um público pré-adolescente, que ainda não conhece os problemas da vida e não me estorva com esse tipo de picuinha.

Interessante… a experiência com o público jovem tem sido mais proveitosa, então?

Ah, mais ou menos. É aquela coisa: outro dia eu estava voltando da feira tranquilo quando três meninos começaram a me chamar numa escola. Eu corri pra lá, cheguei esbaforido, dei início à sessão e o que eles queriam saber era se era o José ou o Luís Antônio que tinham peidado na aula de ciências. Ah, por favor, né? A gente arruma um serviço legal pros moleques e eles desrespeitam assim. Criança caga e anda pra essas coisas. Mas no geral é legal porque, quando eu estou num dia ruim e quero fazer o doido, é muito mais fácil de assustar. E agora como os materiais se resumem a material escolar mesmo, não tem perigo de eu me empolgar e quebrar alguma coisa, o que já rendeu uns processos bem chatos em projetos passados.

É verdade, o Charlie-Charlie Challenge™ não é seu primeiro projeto no ramo. Como foi a sua vivência durante os projetos anteriores?

Eram esquemas diferentes. Assim, de forma geral, você tem que conhecer bem o seu público. Não adianta eu chegar pra criança brasileira com jogo de tabuleiro como eu faço com Ouija™ nos Estados Unidos que não vai rolar, aqui ninguém curte soletrar. Aqui a galera procura algo mais rápido, na base do sim-e-não, que eles podem sentar, perguntar, dar tchau e ir embora. No Japão, por outro lado, é um respeito muito maior com o sobrenatural, dá pra reunir um grupão pra um ritual e ainda pedir que todo mundo participe ativamente só pra responder uma única pergunta. É bem interessante. Mas como eu disse, agora estou mais focado com o público infanto-juvenil, então tem toda uma série de outros fatores pra levar em conta: não pode ter nada que eles não tenham acesso na escola, que é onde a maioria usa o serviço pra não tomar bronca dos pais em casa por não estar estudando; não pode envolver objetos cortantes ou qualquer coisa que machuque, porque Deus me livre de ter que lidar com criança que não soube usar uma tesoura e cortou o dedo do amigo…

Entendi. Bom, e quais são os próximos passos para Charlie-Charlie?

Estou tentando alguma parceria. Meu assessor está conversando com o time da Loira do Banheiro pra ver se a gente bola algo interessante já pro verão de 2015. Mas se não rolar, parece que o Palhaço da Kombi está tentando um revival entre os adolescentes, então dependendo da proposta a gente pode pensar em algum novo projeto conjunto.

+ Você sabia?

Cada país tem suas preferências quando se trata de conversar com espíritos. Nos Estados Unidos, a prática mais comum é a conversa por meio da Ouija Board, uma placa com o alfabeto que soletra respostas às perguntas de quem a utiliza.

O Jogo do Copo já rendeu vários projetos audiovisuais, entre eles um longa-metragem de terror brasileiro que inclusive foi baseado em fatos reais (Jogo do Copo, 2014)

The Charlie-Charlie Challenge viralizou de tal forma nos últimos meses que a busca pelo título do jogo rende mais de 13 milhões de resultados no Youtube e cerca de 120 páginas do Facebook (cada uma com 10 a 100 mil likes em média)

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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