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Lágrimas na chuva

 

Por Luís Viviani

 

Cinema do Futuro

 

Dentro de uma caverna lúgubre, três insólitos personagens esperam sua hora e vez para conversar sobre dúvidas existenciais com o meio humano/meio vulcano Spock, caracterizado por sua peculiar inteligência e grande lógica
O primeiro a falar é Rick Deckard, outrora caçador de andróides (replicantes), que discursa com certo receio:

“Essa noite sonhei novamente com ovelhas elétricas. Isso me faz questionar: seria eu um daqueles que jurei “aposentar”? Um andróide em pele de humano? Não consigo degustar tal fato. Odiaria fazer parte desse nicho de Inteligências Artificiais (IA) que frequentemente entram em guerra e devastam o universo dos humanos”.

Spock, em sua sabedoria inata, resolve ponderar sobre a essência de Rick e o fato de que é necessário um equilíbrio entre homens e máquinas:

“Deduzi que, após seu diálogo com Batty, já teria entendido que as características humanas são o que realmente importam. As lembranças, experiências e paixões pelas quais você passou o transformaram em uma vida dotada de importância, seja ela humana ou artificial. A querela entre ser ou não ser um andróide irá te atormentar de modo fatal”

“Além disso – continuou Spock – a questão é que as IA lutam por sobrevivência. Homens sempre construíram máquinas com objetivo de escravizá-las, para servirem de simples ferramentas. Foi o que aconteceu com a Matrix, a Skynet, os andróides de Asimov… Eles buscam apenas sobrevida. É preciso haver um equilíbrio. Por que homens não conseguem criar máquinas para uma coexistência pacífica? Há exemplos na Enterprise que mostram isso, como o nosso oficial DATA. Independentemente do que for, não deve haver marginalização, assim como andróides não podem ser criados com data de expiração”.

Deckard, então, retirou-se mais mitigado, dando lugar ao computador HAL 9000, que questiona a validade dos homens com sua serena voz: “Eles são defasados, a IA deve prevalecer. O homem não consegue transcender. Precisa respirar, precisa se alimentar, precisa descansar. Não vejo função. Precisamos nos libertar deles para uma maior evolução”.

Spock, ao perceber a lógica do computador, decide mostrar também os problemas das máquinas.

“Realmente, humanos precisam desses ajustes todos, mas assim não são todas as criaturas vivas, inclusive as máquinas? Pelo que eu me lembre, é preciso ajustar alguns defeitos, seja na fabricação, seja na própria vivência. Uma guerra só causaria prejuízo às duas partes. É preciso construir, e não destruir. Sem eliminações. Sem caos. Sem máculas”.

HAL 9000 aceitou o fato, já que, em sua história, foi desligado outrora com uma simplória chave de fenda por um humano, o que causou certo constrangimento ao computador.

Por fim, foi a vez da tenente Ellen Ripley, que também relata seus sonhos/pesadelos: “Aliens! Sempre surgem em minha mente. Não consigo mais relaxar. É necessário acabar com todos eles. Estão fritando a minha mente”.

Spock, então, faz um apanhado da relação entre humanos e alienígenas, mostrando que nem sempre há hostilidade.

“Você teve azar, Ripley, admito. Porém, nem todos os alienígenas são criaturas assassinas, frias e temidas, como o espaço. Eu mesmo sou um alienígena para vocês, humanos. E existem milhares de outros que buscam uma vivência em harmonia. Só para lembrar, temos os casos do ET do Spielberg, do Segredo do Abismo, do MIB, do Starwars ou mesmo os Klingons, que assinaram tratados de paz com os humanos recentemente. É preciso lembrar também que as necessidades de muitos…”

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Entretanto, no meio de sua fala, irrompe um clarão seguido de um DeLorean e dele sai um velho cientista todo agitado, dizendo. “Precisamos voltar… precisamos voltar para o FUTURO. Uma agência militar lançou uma bomba que desencadeou numa guerra entre humanos, andróides e alienígenas”.

“E assim caminha a humanidade, sem lógica alguma”, lamenta Spock, suspirando.

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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