logotipo do Claro!

 

Prevendo a cri$e

 

Por Murilo Carnelosso de Jesus

 

 

broker-2


 

Durante boa parte de 2014, principalmente depois dos desdobramentos da Operação Lava Jato, que começou sua fase ostensiva em 17 de março, os casos de corrupção na Petrobrás passaram a afetar a confiança de investidores em aplicar seus recursos nas empresas estatais. O período eleitoral no segundo semestre acirrou a influência de decisões políticas nas escolhas econômicas.

 

O escândalo na empresa fez com que a confiança e os preços de suas ações caíssem consideravelmente. Mesmo não havendo indícios objetivos de casos semelhantes em outras estatais brasileiras, elas sofreram com o ambiente pessimista criado.

 

Na ciência econômica, se há relativo consenso sobre algum assunto (como o medo generalizado de outras “Lava Jatos” no setor público), mesmo que estes casos não se concretizem, liga-se uma espécie de chave da profecia autorrealizável. O medo do risco de desvalorização faz com que tudo desvalorize de fato porque os investidores correm para se livrar das ações antes que percam valor.

 

As ações de sete das principais estatais tiveram considerável desvalorização entre o início de outubro – logo depois do primeiro turno eleitoral – até o final de março. Se a Petrobrás teve seus papéis desvalorizados em 52%, a Eletrobrás caiu 36%, o Banco do Brasil perdeu 21%, e até empresas estaduais, como Cemig e Sabesp, tiveram queda próxima dos 15%.

 

O investimento em estatais já costuma ser visto com ressalvas por alguns empresários pelo fato dela não necessariamente visar o lucro máximo durante todo o tempo, ao contrário de empresas privadas. Mas isto não impediu períodos de grandes ganhos para investidores nas empresas do governo em outras épocas, como entre março e final de maio, período que contou com maior estabilidade política e menos pessimismo dos investidores.

 

Desde o final do primeiro semestre a situação econômica vem se deteriorando rapidamente, com o acirramento da instabilidade política. O governo segue na mesma tentativa desde o começo do ano de cortar gastos públicos e aumentar a arrecadação. Mas quanto maior o consenso nas análises – inclusive de *agências de análise de risco internacionais – de que tudo vai piorar, mais rapidamente a economia brasileira declina, em uma cadeia interminável. Quanto mais pessimismo, mais tudo tende a dar errado.

 

Para Laura Carvalho, professora de economia da FEA-USP, estas agências de risco como a Standard & Poor’s, que retirou o selo de “bom pagador” do Brasil em 9 de setembro, são ferramentas de terrorismo econômico contra governos e países. Para ela, estas escolhas contam com alta dose de arbitrariedade. “O peso que se dá para a análise do próprio mercado financeiro para a economia de um país faz com que a coisa se torne um problema ainda maior, porque isso vai contaminando a opinião pública e a direciona para o seu interesse. O governo não pode corroborar e passar a ele próprio promover estas ideias como vem fazendo”, comenta.

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

Expediente

Contato

Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Bloco A.

Cidade Universitária, São Paulo - SP CEP: 05508-900

Telefone: (11) 3091-4211

clarousp@gmail.com