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Mil Tons Geniais

 

Por Matheus Pimentel

 

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Quem vê Mário Del Nunzio empunhar sua guitarra pode se assustar com o que vem em seguida. Adepto da música experimental, ele conta como conheceu essa sonoridade e o que usa para tocar sua guitarra. Com dois discos e um diploma em Música pela Unicamp, Mário também é curador do FIME (Festival Internacional de Música Experimental), cuja primeira edição .invadiu São Paulo em 2015 e repetirá a dose em julho Confira o papo que ele bateu com o Claro!

 

Claro! — Por que experimentalismo? Quando você sentiu que os sons “convencionais” não eram suficientes?

Mário Del Nunzio Acho que escutei música experimental pela primeira vez por acaso, com uns 15 anos. Eu tava mexendo no rádio, passei por uma estação e tava tocando uma coisa estranha, e aquilo, por algum motivo, me atraiu. Fiquei interessado em entender como funcionava, em saber mais. Eu já estudava música. Não sei dizer se os sons convencionais eram ou não suficientes, não sei se dá para fazer essa distinção, atualmente tá tudo misturado. Toda música pop tem muito ruído, né?

 

A sonoridade de aparelhos eletrônicos permeia seu trabalho. Você utiliza objetos corriqueiros?

O que mais faço é tocar guitarra, que pode estar ligada a um processador, a um computador que influencia no som. Algo que gosto bastante é usar vários objetos, como lata, faquinha, canivete, lixa, escova, para tocar o instrumento. Se coloco uma lata sobre os captadores, vou ter um som que ainda tem identidade da guitarra, mas ao mesmo tempo não faz parte do universo usual. Isso me interessa. Existe uma peça chamada “Onomatopeia” que tem instruções em texto do que a pessoa deve fazer com o instrumento, tipo imitar o som de um carro numa corrida ou o de uma vaca mugindo. A guitarra é um suporte para, com outros objetos, obter esses sons.

 

As estranhezas são maiores para quem compõe ou quem ouve?

Para gente que faz é uma coisa normal, né? Para quem ouve, é possível que no começo cause estranheza, mas ao mesmo tempo algo com que muitas vezes se identificam automaticamente, por diversos motivos. Às vezes tem elementos performáticos ou trabalham com audiovisual, com vídeo. Tem coisas que são muito ruidosas e isso tem um impacto corporal de fato, e as pessoas gostam desse tipo de impacto, ou coisas muito silenciosas. É um campo amplo, tem muito espaço para diferentes pessoas se identificarem com diferentes aspectos.

 

Você também é um dos curadores do FIME. Como avaliam o Festival?

A gente tem convidados e o resto da programação é feita via uma chamada. O ano passado foi muito positivo, foram umas 250 inscrições de mais de 20 países. O Festival também teve desdobramentos, do tipo músicos que estão vindo para o Brasil interagindo com músicos da cena local, tocando em outros contextos. Também teve um bom público, em vários dos concertos a sala estava lotada.

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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