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Mais do que nadar

 

Por Giovanna Chencci

 

Parte de sua vida mudou quando começou a namorar. Do rock, André Kopte passou ao sertanejo. Os estilos musicais se juntaram em sua vida, “não deixei de ouvir rock, só incluí coisas a mais”. A música com a pegada mais pesada veio da convivência com o irmão mais velho, uma de suas principais companhias de balada na época de solteiro. Mas essa influência, não se deu só no rock, mas no esporte também.

 

Sua vida de atleta começou aos três anos. Primo e irmão já nadavam, por que não começar também? A decisão veio da mãe, que aceitou a ideia do treinador dos meninos e colocou o filho mais novo para nadar. O sucesso chegou na adolescência. Após 10 anos, quantificar o número de medalhas e campeonatos é difícil, mas os mais emblemáticos ainda ficam na memória, como em 2009, em um campeonato americano na Colômbia, quando trouxe para casa uma medalha de bronze e uma prata.

 
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Mas nada aconteceu em sua vida sem esforço. Os treinos são regulares, assim como a vontade de vencer. De segunda a sábado, 2h30 dos seus dias são dedicados à natação. Além do esporte, é formado em Rádio e TV pela Cásper Líbero, porém, aos 25 anos, ainda não arrumou um emprego na sua área de atuação. Enquanto isso, dedica seu tempo às aulas de inglês e aos treinos, principalmente. Seus pais o ajudam a se manter no esporte e também em sua rotina diária.

 

Portador da Síndrome de Roberts – doença genética que leva a uma má formação física e possível deficiência mental – André é um caso raro. Mesmo tendo nascido sem os dois braços, ele se diz uma pessoa com muita sorte, já que, de acordo com a literatura médica, a síndrome poderia ter se manifestado de maneira muito mais grave, afetando não só o seu corpo físico, mas também suas capacidades neurológicas.

 

As dificuldades físicas, no entanto, sempre foram encaradas de uma forma natural. Na natação, é possível ser um vencedor usando a cabeça e o tronco. No videogame, os pés. Para escrever, uma mesa adaptada. Nas baladas, os amigos. Os obstáculos do paratleta são vencidos dia após dia, como qualquer outra pessoa. E o esporte é um dos fatores que mais o ajudam em sua trajetória. Além de ter proporcionado reconhecimento e momentos de felicidade, a natação também colabora para manter uma vida saudável. “A natação me ajuda não só na saúde, mas no social também, fazer mais amigos, ser mais desinibido. Além disso, ajuda a emagrecer, ter mais foco nas coisas da vida”.

 

Na hora de nadar, nenhum apoio é necessário. Ele diz que a maior dificuldade é sair da piscina, quando o seu treinador o auxilia. Nas competições, suas categorias são S3, SM2 e SD2, mas ele conta que a melhor maneira é o nado de borboleta e não nada de costas, só de frente.

 

Hoje, nada pela ADD (Associação Desportiva para Deficientes), depois de ter passado por diversos outros lugares. O próximo grande campeonato que ele irá disputar será em São Paulo, na etapa nacional do Circuito Caixa Brasil Paralímpico, em junho. Mesmo com os 10 anos no esporte e uma grande experiência na área, André não fará parte dos Jogos Paralímpicos do Rio 2016. Não por falta de vontade, mas pela necessidade de uma classificação internacional que não possui. Mas isso não é problema, a vida segue e que venham novos desafios!

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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