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Vai que é sua

 

Por Barbara Monfrinato

 

Dois times rivais, torcida, juiz, apito, hino, uniforme. Poderia bem ser um jogo de futebol, se não parecesse também um circo, peça de comédia ou show de palhaços. Aqui os jogadores têm nariz vermelho e um objetivo comum: criar, no improviso, as cenas preferidas da plateia.

 

Em “Jogando no Quintal”, espetáculo criado em 2001, é o público quem define os temas a serem encenados. “Chulé”, pede alguém. “Eva e Adão”. Ou ainda: “Minha mulher me traiu com o Chico Buarque”.

 

Tudo é encenado por palhaços humanizados, seguindo desafios diversos apitados pelo juiz. Definir os vencedores é, mais uma vez, para o público. Medalha: uma torta na cara de quem venceu – e também de quem perdeu. “No final, a gente passa a rasteira nessa competitividade”, brinca César Gouveia (palhaço Cizar Parker), ator, diretor e criador da Cia do Quintal.

 

A ideia surgiu entre os anos 1990 e 2000, quando César e Marcio Ballas trabalhavam como Doutores na Alegria em hospitais e buscavam uma nova linguagem que aliasse o improviso ao palhaço, personagem que nos convida a rir de nosso próprio ridículo.

 

O que começou como pelada no quintal de casa acabou indo para estádios maiores e influenciando diversos grupos de improviso desde então, como os Barbixas e o Z.É. Zenas Emprovisadas. Quinze anos de atividade mostraram que brincar é coisa séria: é preciso uma estrutura teatral bem produzida para que, a partir dela, se crie livremente.

 

Marcio, além de ator e apresentador de TV, hoje também dá aulas na Casa do Humor, espaço com o seguinte slogan na porta: “Improviso.Palhaço.StandUp.eoquefor”. Para os iniciantes no improviso, ele começa resgatando a espontaneidade e a criatividade, até chegar à reação imediata e construtiva a qualquer proposta cênica. “Você responde rápido e acrescenta elementos à proposta”, orienta ele.

 

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Como no futebol, a questão é treino: o ator pratica suas ferramentas de agilidade, do corpo à palavra. Um exemplo é o “goleirinho”, exercício clássico da improvisação. Nele, o “goleiro” espera o chute de um “atacante”, a toda e qualquer direção. “Ô tio, posso comer mais um biscoito?”, propõe um colega. “Mas Júlio, sua mãe disse que não podia”, responde o outro. Aqui, o bom goleiro é aquele que diz “sim”: deixa a bola entrar e entra junto, sem pensamento, sem juízo. “Não é defender sua ideia, mas compartilhar”, acredita César, também professor.

 

A repórter resolve então vestir a camisa e pede uma rodada de improvisação. Nosso tema, claro: “jogo”. César dita as regras, num desafio já apresentado tantas vezes ao vivo: desenvolver uma história em que cada frase comece seguindo as letras do alfabeto. Se eu falo “alô”, ele diz “bom dia”, então pergunto “como vai?” e assim por diante.

 

César começa.

 

Adelaide, o que você quer jogar?

Boliche!

Caramba, que saudade de jogar boliche.

D…elícia, vamos jogar então.

Espero que a gente aproveite.

 

E é hora do F da repórter. Ela vasculha palavras em seu dicionário mental.

 

Ff…odeu…

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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