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As margens do sexo

 

Por Isabel Seta

 

 

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Baseado em depoimentos reais

Perdi a virgindade com um puta amigo da faculdade e, depois, só ficamos mais amigos. Hoje eu vejo o sexo como um complemento da amizade. Na maioria das vezes rolava como brincadeira mesmo, era uma demonstração de carinho entre duas pessoas. Como era minha primeira vez, eu tinha vontade que fosse algo a mais. Era só uma brincadeira para mim, sabe? Mas deu tudo errado. Estragou a amizade. Era para ser casual. Me apego muito fácil, eu diria que quase sempre o sexo é algo a mais para mim. Sempre separei amor de sexo. Sexo é sexo, só. A partir do momento que você normaliza o sexo, é possível manter a amizade. Olha, na verdade, hoje namoro o meu melhor amigo, nunca imaginei que fossemos ficar tão ligados. O sexo é prova de amor, sinal de confiança, de entrega de desejo. Mas o amor, para mim, é maior que tudo – definitivamente maior que sexo. Acho que o problema é que muita gente não sabe separar o sexo do emocional, o sexo não interfere na relação. O sexo é algo que pode alterar muitas coisas. Transei com um casal de amigos e nos dávamos muito bem, até que, de repente, nos afastamos muito. Quando eu me defino como bissexual, eu coloco o sexo como parte de quem eu sou. É confuso, porque o sexo é algo que sempre existiu e é estranho pensar que algo que sempre existiu possa ter mudado a minha vida depois de eu ter experimentado. Acho que o sexo deixa, de fato, duas pessoas mais próximas e cria uma nova tensão, um novo vínculo. Transei com uma super amiga e nossa reação foi “que porra é essa?”. Penso que, às vezes, tentamos fingir que conseguimos transar sem emoção nenhuma a mais – fora tesão –, mas acho que não funciona. Não entendo se transamos porque nos conhecemos muito bem e temos um laço muito forte ou se, em algum lugar, nos amamos. É um momento que ouço os barulhos do outro, toco o corpo do outro, tudo isso diz muito sobre mim – e sobre o outro. Pode ser uma fronteira facilmente transponível, que nos aproxima, ou uma barreira, que acaba nos afastando. Porque fazer sexo não é garantia de amor. Posso sentir atração ou repulsa – ou qualquer  combinação dessas duas coisas. Dois sexos, para mim, nunca vão ser iguais. O sexo vai muito além de você, de mim. É o meu momento mais íntimo. Parece que o primeiro contato com o sexo quebrou uma barreira nas formas de se relacionar. Mudou minha forma de ver algumas coisas, como se uma fronteira se diluísse e o sexo fosse mais uma maneira de se conectar, de se conhecer.

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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