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Em Busca do Corpo Ideal

 

Por Sofia Mendes

 

Toda a batalha com meu peso começou quando eu estava entrando na adolescência. Na infância não tinha muito dessas coisas, eu era uma criança normal, então não ligava muito pra isso… Ou vice-versa. Mas com a puberdade se estampando no meu corpo (nas minhas novas coxas fartas e braços rechonchudos) e as opiniões dos outros importando cada vez mais, a insatisfação com minha aparência se tornou parte da rotina.

 

Meus pais também deram um “empurrãozinho”. Eles foram os primeiros a cortarem minhas “besteiras”, a controlarem o que eu comia e a julgar quando eu estava “acima do peso”. Até promessa de presente caso emagrecesse eu recebi!

 

 

A partir daí as dietas eram as mais malucas: dos pontos, da banana verde (que dor de barriga!), das calorias vazias… Mas o que eu mais gostava mesmo era de ficar em jejum – me sentia poderosa por poder ficar muito tempo sem comer, uma guerreira! Exercício físico? Que preguiça! Mas como não tem solução, o jeito era fazer ginástica aos montes de uma vez só, até me machucar.

 

Com uns 15 anos, eu entrei em uma dieta por conta própria, e ia na academia sete dias por semana. Consegui perder 25 quilos (uau!), mas perdi também alguns amigos, já que não podia comer nada nos lugares que eles iam, além de sempre estar  sem energia para sair. Além disso, sempre fui mestre em esconder as partes do meu corpo que mais me incomodavam, não importava meu peso. Numa dessas, andando na rua  de moletom no auge do verão desmaiei de calor, em prol de esconder meus pobres bracinhos.

 

Gastei energia absurda tentando esconder meu corpo e minhas imperfeições, quando eu podia ter aproveitado minha família, feito novos amigos e dado mais atenção aos antigos. E eu vejo isso agora, no início da vida adulta e com uma cabeça – e corpo – totalmente calejados por essa experiência. Aprendi muito sobre empoderamento feminino e libertação dos padrões. Hoje em dia não compro mais revistas que me prometam o corpo perfeito; seguir “musa fitness” nem pensar!

 

 

Mas vira e mexe eu ainda me pego olhando pro espelho apertando uma gordurinha e odiando ela estar ali. Ainda deixo de usar uma roupa linda porque acho que ela ressalta meu quadril – fora de cogitação! É até meio bobo falar isso, porque ao mesmo tempo que você apoia e empodera as meninas que passaram e passam pela mesma coisa que você às vezes é tão difícil se livrar desses pensamentos ruins!

 

No final das contas, você vira o seu pior inimigo, mais que os olhares julgadores, as revistas de moda, os padrões.E a maior luta, a contra você mesma, é diária, inconstante e sofrida. Pelo menos eu sei que não estou sozinha nessa.

 

*Texto baseado em relatos anônimos.

 

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Por Sofia Mendes

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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