logotipo do Claro!

 

Afinal, pra quê servem as novelas?

 

Por Rafael Ihara

 

A famosa Nazaré Tedesco, vivida por Renata Sorrah na novela Senhora do Destino (2004-2005),   rolou de cima de uma escadaria graças a um empurrão da vilã. Já ouviu alguém dizer: “como novela ensina coisa errada!”. Essa frase deve ter sido repetida muitas vezes quando ela, Nazaré; Odete Roitman, de Vale Tudo (1988-1989); Flora, de A Favorita (2008); Carminha, de Avenida Brasil (2012); Félix, de Amor à Vida (2013-2014) e muitos outros vilões da nossa teledramaturgia estavam em cena. Mas será mesmo que a novela ensina coisas más ao público?

 

Essa pergunta é muito genérica, disse a professora Esther Hamburger, estudiosa de telenovelas da ECA-USP. É importante analisar caso a caso. Lembra o que aconteceu no último capítulo de Amor à Vida? Félix, vivido por Mateus Solano, e seu namorado, na pele de Thiago Fragoso, protagonizaram o primeiro beijo gay entre homens numa novela. O feito foi tão importante que virou pauta do Jornal Nacional. Mas será que as novelas vêm chocando mais que antes?

 

foto nazare

 

A verdade é que as novelas já vêm causando esses rebuliços na sociedade há muito tempo. Malu Mulher (1979-1980), por exemplo, tratou do aborto. “As novelas trataram também de divórcio antes dele virar realidade no Brasil; o sexo antes do casamento também foi um tabu durante muito tempo, mas foi desvelado pelas novelas”, conta Hamburger.

 

Será que a teledramaturgia tem o papel de mostrar o que é certo e errado? “Novela não é feita pra educar, e sim pra levantar polêmicas”, explica Esther. O crítico de TV Mauricio Stycer vai no mesmo caminho. Pra ele, “a novela, quando tem a intenção, pode ajudar a colocar em questão temas a respeito dos quais há excesso de preconceitos (…) Mas não iria tão longe a ponto de acreditar que uma novela seja capaz de ‘educar’ a sociedade”. Mas não dá a impressão de que as novelas mais recentes têm causado mais que as outras? Saiba que essa impressão não é real.

 

O fenômeno das redes sociais ampliou essa nossa percepção. As novelas sempre ousaram, e o número de “choques” não vem crescendo não, segundo Hamburger. Hoje qualquer um fala o que pensa sobre o capítulo da novela. E essas reações aparecem pra você em suas redes sociais. Que essas reações e as novelas, que geram tanta polêmica, continuem botando todo mundo pra discutir questões delicadas.

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

Expediente

Contato

Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Bloco A.

Cidade Universitária, São Paulo - SP CEP: 05508-900

Telefone: (11) 3091-4211

clarousp@gmail.com