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Voa, homem

 

Por Felipe Saturnino

 

Há situações que nos põem em face a invejáveis capacidades animais, inalcançáveis: a capacidade de voar, de atingir grandes alturas, de viver só, flutuando entre árvores, o céu e as coisas. Existe, no entanto, um momento em que essas diferenças abrandam — e, quem sabe, um ser humano pode ser pássaro.

 

Aos 42 anos, a única resposta que Yuri Cordeiro, desde 2007 praticante do wingsuit — ramo do paraquedismo que utiliza um macacão com asas para realizar saltos —, tem quando fala sobre a sensação de voar é que tem grande emoção. “Sinto muita liberdade, apesar de bater um medo”, pondera ele.

 

A razão não pode ser outra: com um equipamento que eleva o potencial aerodinâmico, quem salta pode atingir 200 km/h em pleno ar, em meio à queda livre que antecede a abertura dos paraquedas. O salto pode ser praticado de um avião, de montanhas ou penhascos.

 

O traje do esporte, rijo e alado, não é “a coisa mais confortável do mundo” — como afirma Yuri —, tecido em material sintético, inflexível. “Parece mais uma camisa de força”, diz ele, descrevendo a veste.

 

Largamente disseminado, o wingsuit já angariou adeptos em vários lugares, e o próprio Yuri já empreendeu saltos no estrangeiro: além da terra brasilis, planou na Noruega, Chile, Itália, França, Suíça e China.  

 

A brincadeira também agrega riscos: em 2016, o wingsuit teve um recorde de 36 mortes. Em esporte que alcança tais velocidades, seria de bom senso que a segurança não se negligenciasse. “O problema é que não há controle e as pessoas fazem como querem”, pontua Yuri, atestando que a realidade não segue sensatas recomendações.

 

Caso se esteja em um avião, o voador pode fazer sua queda até, no máximo, mesmo da altitude de quatro mil metros . Se preferir se jogar de uma montanha, a maior altitude possível é de 2800 metros. Neste exato momento, em ambas as situações, ao olhar para o alto, tomaríamos o voador como um pássaro, um avião, um ponto ou um super-herói inexistente — mas talvez seja mesmo apenas um homem imitando um bicho.

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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