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Pelas frestas, o buraco

 

Por Felipe Saturnino

 

Conto 1

Houve uma vez que um buraco num canto do Universo tão tão distante tão tão adensado e a gravidade puxava puxava — que chupou a todos muito bem e indiscriminadamente e ninguém sobra para terminar a histó.

 

Conto 2

Diz uma criança, É um lugar muito escuro que não vemos — distraiu-se com algo no céu, uma estrela, o lusco-fusco. Em brilho duradouro, pela demora da luz viajante, já virara em buraco (fora devorada) faz tempo, enquanto o infante acenava, em ilusão ou despedindo-se.

 

Conto 3

Começo. A singularidade central é densa; há muita gravidade; ameaça explodir. Quando foi a última vez que a vimos? O que nos torna o que somos é inexplicável. O coração dos buracos — crias de estrelas colapsadas — ferve o tempo e o espaço, ao mesmo que vela seu segredo. Fim?

 

Conto 4

Eu estava desatento e tranquilo quando me disseram  — “Já pensou a Terra fosse um buraco negro?”. A gaveta aberta guarda um papel, amassado e repousado à mesa. — “Se eu fosse Deus — sou ateu — e fizesse a Terra deste tamanho, densa, gravidade altíssima… Não escaparíamos.” (Mas Deus é grande.)

 

Conto 5

Um feixe de luz jorrado dum canto do espaço sideral, qualquer coisa como a mais célere coisa que há, fiadora de nossas plantações, equilíbrio vitamínico do corpo, alumiadora da vida em geral, foi pleitear sua liberdade e ancorando-se na sua rapidez pensou: “Antes o mundo era tão, tão maior, mas agora parece-me que ele logo acaba”, e então o buraco: “Não há problema se ele findar agora”, e aprisionou-a.

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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