logotipo do Claro!

 

Vivendo à beira da morte

 

Por Vinicius Sayao

 

Em uma manhã qualquer a romena Rowena Kincaid, 39 anos, resolveu tirar as roupas e correr nua em uma calçada movimentada de Cardiff, Reino Unido. Mas por que alguém faria isso por vontade própria? Rowena é protagonista do documentário Antes de Partir (Before I Kick the Bucket, nome original), diagnosticada com câncer de mama em estágio avançado e com previsão de três a seis meses de vida.

 

Produzido e exibido pela BBC em 2016, o documentário acompanhou a britânica por oito meses, até um de seus principais objetivos: chegar ao aniversário de 40 anos. Durante esses oito meses, Rowena fez de tudo. Comprou um carro caríssimo, casou-se com um desconhecido, fez fotos sensuais, pulou de paraquedas. Não só isso. Com muito bom humor, ela também planejou seu próprio funeral, a playlist da ocasião, se seria enterrada ou cremada e, claro, tratou da doença o máximo possível.

 

Apesar de ainda não ter atendido ninguém que tenha feito como Rowena, Eliza de Paula, psicóloga especializada em cuidados paliativos – assistência promovida para a melhora da qualidade de vida diante de uma doença que ameace a vida –, explica que, ao contrário dos pacientes convencionais, “os terminais, como o próprio nome diz, tem pouco tempo e, por isso, as miudezas e futilidades passam longe. Coisas do dia a dia perdem um pouco o sentido e cada um tem sua emergência a ser cuidada”.

 

Segundo a psicóloga, os pacientes se focam em necessidades mais práticas, como entender o processo da doença ou resolver algumas pendências – fazer as pazes com um irmão, pedir desculpas a um filho ou até mesmo resolver o que fazer com alguns bens ou peças pessoais de valor sentimental.

 

“Meu intuito enquanto psicóloga é acolher seus medos e aflições, ajudar o paciente a entender todo o processo e poder contribuir no que for possível para a realização dos desejos e vontades”, complementa Eliza.

 

Seja fazendo algumas loucuras como Rowena, seja com psicoterapia, o objetivo principal é aliviar a tensão e aprender a lidar com a situação para conseguir aproveitar o tempo que resta. A reflexão que a britânica faz no documentário provavelmente é a mesma que fazemos enquanto acompanhamos sua trajetória: não esperar até que seja tarde demais.

 

Rowena morreu em setembro de 2016, oito meses após sua festa de 40 anos e sete anos após a descoberta do câncer.

 

O documentário voltou a ser exibido pelo canal Discovery Home & Health em outubro deste ano, como parte do Outubro Rosa, campanha de conscientização sobre o câncer de mama.

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

Expediente

Contato

Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Bloco A.

Cidade Universitária, São Paulo - SP CEP: 05508-900

Telefone: (11) 3091-4211

clarousp@gmail.com