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Acesso negado

 

Por Ingrid Luisa

 

Parece que vivemos em um eterno “Erro 403”. Quando algo limita o nosso acesso no ciberespaço e somos impedidos de acessar uma URL — por sei lá qual motivo — já gera uma sensação bem frustrante, imagine na vida real. E a resposta é agressiva, “Forbidden. You don’t have permission to access”. Quem me proíbe? Por que ficam ditando regras para o meu acesso? E no mundo tangível essas proibições são bem piores. Se prestarmos atenção no dia a dia, os servidores que nos negam passagem estão por todo lugar, e eles ditam exatamente para onde querem que cada um de nós vá.

 

 

Mas não é como se eu quisesse passar as férias na Coreia do Norte. Não consigo estacionar o carro! Por dois retornos seguidos fui proibida. Quando finalmente consegui, o cara do carro de trás fez o retorno errado e quase bateu em mim. Essas proibições todas não eram para “melhorar o fluxo”? Mas não acabou aí. Ao chegar no meu prédio, fui barrada na porta de trás, “moradores só pela frente”. A catraca me impediu de entrar com minha mala, e eu ainda não podia subir com ela no elevador social, só no de serviço. Finalmente em casa, fui impedida de tirar o lixo porque o caminhão já tinha passado. Cansada, o vizinho não parava de ouvir uma música muito alta que estava estourando meus miolos! Ele sabe que a essa hora é proibido, não?

 

 

Um dia. Basta prestar atenção em um dia. Placas de trânsito, “regras” de condomínio, lugares reservados, acessos restritos a várias portas. As proibições nos podam e nos salvam. Mas é bem estranho parar para pensar em todas elas. Pare, ande, vire, siga. Role, deite, finja de morto. Somos nós mesmos que decidimos para onde queremos ir?

 

 

“Está trancado, não pode entrar”. “Sem senha não passa”. “Pagou a taxa?”. “Faz parte do grupo?”. “É fechado para convidados”. “Desculpe, sem exceções. Ordens são ordens”. Fico imaginando a situação hipotética em que pudéssemos ter acesso a todos os lugares. Que a falta de transporte público em certas áreas não escancarasse que lá não é um lugar para todos. Que não me impedissem de entrar por estar com a “roupa errada”. Que pudéssemos ir para onde quisermos e ser quem quisermos.

 

 

Não é proibido proibir. Aliás, tenho que parar por aqui porque o diagramador me proibiu de ultrapassar o número de caracteres.

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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