logotipo do Claro!

 

Arte proibida não, pervertida!

 

Por Iolanda Paz

 

Prova de que a sociedade brasileira está evoluindo é o boicote à “Queermuseu”. Sob o disfarce de “diversidade sexual”, a exposição fazia apologia explícita à pedofilia, zoofilia e putaria. Falta de respeito e sacanagem que, na verdade, é antiga: de tempos em tempos ataca as belas artes.

 

 

Michelangelo, por exemplo, deve ter achado que estava na Grécia Antiga quando pintou o altar da Capela Sistina: 391 peladões! Os fiéis nunca ouviriam a palavra do santo padre com tantas indecências sobre suas cabeças. Amém que o incentivo a orgias acabou anos depois, com as partes cobertas por outro artista. Graças à Igreja Católica, a arte ganhou belos padrões morais e as baixarias do paganismo foram proibidas.

sistina

 

Só que o século XIX resolveu se rebelar e, com o “modernismo”, vieram as trevas. No mundo Pós-Revolução Francesa, Manet não retratou uma deusa Vênus nua: pintou logo uma vagabunda pelada no mundo real. Por pura piedade, “Almoço na Relva” foi para o “Salão dos Recusados”, e não irei nem comentar a vergonha que sinto de “A Origem do Mundo” (uma vagina exposta sem rodeios – nem depilações).

Origem com círculo

 

O imbecil do Duchamp piorou as coisas, como se o mundo já não estivesse perdido o suficiente. Achou que estava inventando moda, “expandindo os limites da arte”, mas teria passado menos vergonha se tivesse seguido um manual claro do que é arte. Pelo menos o lixo do urinol não foi aceito. Esses pseudo-vanguardistas ignorantes me dirão que a função da arte é gerar debate… Ela não tem que questionar nada, nem incomodar. Isso tudo só é ruim para a sanidade – afinal, tem que ser louco para gostar de refletir sobre o que está vendo.

Duchamp com círculo

 

Mas concordarei com os modernistas em um ponto: a arte mexe com a cabeça das pessoas, dá até medo. Por isso não podemos deixar aberrações serem representadas – nem vistas. Quando não são, aos poucos vão deixando de existir, como as bizarrices da “Queermuseu”. Para denunciar aquelas obras satânicas, os liberais do MBL fizeram uma campanha nas redes sociais. A população brasileira nem precisou olhá-las com calma: pouco pensou, pouco se contaminou. A arte é como a política. Sorte que temos gente de bem para nos guiar. Obrigada, tecnologia, pela facilidade!

 

 

Não Colaboraram:

  • Cauê Alves: professor e coordenador do curso “Arte: História, Crítica e Curadoria” da PUC-SP
  • Felipe Martinez: doutorando e mestre em História da Arte pela Unicamp; professor no MAM-SP

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

Expediente

Contato

Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Bloco A.

Cidade Universitária, São Paulo - SP CEP: 05508-900

Telefone: (11) 3091-4211

clarousp@gmail.com