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Engane-me se for capaz

 

Por Rafael Battaglia

 

FOTOS: LIZ DÓREA

 

 

 

 

Colocando o cérebro para trabalhar  

Por mais que não pareça, mentir é uma tarefa difícil. Além de pensar em uma história falsa, temos que evitar a resposta natural de dizer a verdade. Duas emoções (o medo de ser pego e a euforia em obter sucesso), estão em constante conflito. Prova da sua complexidade: a mentira é produzida no neocórtex, a parte mais desenvolvida do cérebro. Em outras palavras, quanto mais inteligente for uma espécie, maiores são as chances de ela conseguir realizar esse feito.

 

 

Pego em flagrante

Quando contamos uma mentira, a pressão é tanta que, inconscientemente, nosso corpo dá pequenos sinais que nos entregam. Movimentos corporais, como cruzar os braços, mexer em algum objeto com as mãos, distanciar-se de quem você está falando ou colocar algo entre você e ela são maneiras de se proteger e aliviar o desconforto. Há também as microexpressões faciais, como dar um sorriso de satisfação quando alguém acredita na sua lorota.

 

 

O “efeito Chaves”

Assim como o personagem de TV, nós podemos balançar a cabeça afirmativamente ao mesmo tempo que negamos algo, e vice-versa. São os chamados gestos de incongruência, que acontecem quando algum movimento contradiz o que estamos dizendo. É preciso ficar atento também ao que é dito pelo possível mentiroso. Falar demais, utilizar a linguagem formal, distanciar-se do assunto encher a história com detalhes desnecessários são boas pistas.

 

 

Muita calma nessa hora

Antes de sair por aí testando a honestidade de todo mundo, saiba que não existe um guia universal da linguagem corporal. O comportamento humano é complexo, e os sinais podem variar de pessoa para pessoa. Por isso, alguns pesquisadores propõem outros métodos de detecção. Uma pesquisa britânica de 2012 eliminou as perguntas de “sim” e “não” e deixou que os entrevistados falassem livremente. Quem estava mentindo se enrolou e acabou deixando seu relato inconsistente, com diversos furos na história.

 

 

Contexto é tudo

É somente quando se observa o conjunto dos sinais e o contexto de uma investigação que se pode começar a duvidar de alguém. Até o local da entrevista importa. Uma pessoa pode desabotoar a camisa porque está nervosa ou simplesmente porque a sala está quente. Para tornar a detecção mais certeira, utiliza-se as perguntas de balizamento: questionamentos simples que servem como instrumento de comparação, já que indicam como o corpo se comporta quando está dizendo a verdade.

 

 

E o tal do polígrafo?

Criado no início do século 20, o aparelho dá as caras em diversos filmes e séries policiais. Sensores medem os batimentos cardíacos, a pressão sanguínea, a respiração e até o suor para ver o nível de estresse de alguém. No entanto, enquanto uns defendem sua alta taxa de eficácia, outros o questionam, alegando que é possível burlá-lo. O uso do polígrafo também se deve à sua teatralidade: ficar preso a vários eletrodos, aliado à formalidade da entrevista, pode deixar mentirosos nervosos e mais propensos a falar.

 

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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