logotipo do Claro!

 

Um pinóquio lá em casa

 

Por Victória Martins

 

 

 

“Mas eu não fiz nada!”, respondia aos cinco, quando, por ciúmes, dava uns beliscões na irmã mais nova ou mordia suas chupetas. “Foi um presente”, afirmou aos seis, quando pegou dinheiro do pai para comprar uma pipa, lembra a mãe Ana Carolina Santos.

 

 

Não se assuste, nem tenha dúvidas – é claro que ele fez tudo isso! Como tantas crianças por aí, Dikuan inventa causos, derrama mentirinhas. Ana, aliás, já acha até comum. Se é para fugirem do banho, comerem um doce antes do jantar ou se darem bem em algo, então…

 

 

Os pequenos são mentirosos natos! Mas sejamos justos: a verdade é que, na maior parte do tempo, eles nem percebem. Na idade de Dikuan, hoje com seis anos, suas cabecinhas férteis gostam de fantasiar. Tanto que, muitas vezes, vão inventar histórias na hora de lidarem com algum problema. Se derrubarem um vaso, vão falar que foi o vento; se tirarem 7 em uma prova, podem inventar que tiraram 10 – e pronto, já estão mentindo!

 

 

Quando Dikuan inventa, então, que a mãe o empurrou na saída do ônibus, ele ainda não entende que mentir é enganar o outro. Normalmente, será só por volta dos oito anos que as crianças vão compreender a mentira como forma de tirar vantagem de algo.
O que não significa que os pais e adultos próximos não possam chamar a atenção dos pequenos e ensinar a diferença entre fantasia e realidade, mostrando que toda mentira traz consequências. E se isso é verdade, não existe diferença entre as “mentirinhas brancas” e as prejudiciais – tudo é enganação.
Castigar a criança ou ameaçá-la talvez não seja a melhor forma de lidar com a mentira, já que ela precisa ter a chance de aprender com o que fez. E se o pequeno tiver medo do adulto e quiser fugir da raiva e de punições, vale tudo… até continuar mentindo! Conversar pode ser um caminho, reforçando a confiança e o respeito recíproco e abrindo espaço para que o mentirosinho compartilhe o que for, por pior que tenha sido seu comportamento.
Mas não é fácil fazer tudo isso. Ana Carolina mesmo, varia entre o castigo, quando as mentiras de Dikuan são graves, e os avisos de que ninguém acreditará nele, quando são leves. Afinal, não existe uma regra para cuidar de crianças – e mesmo se houvesse, tudo sempre será muito mais fácil em um manual de instruções do que é na prática.

 

 

Colaboraram: Luciana Caetano, professora de Psicologia da USP. Ela pesquisa o desenvolvimento psicológico moral  de crianças e adolescentes e Jéssica Amolinário, pedagoga

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

Expediente

Contato

Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Bloco A.

Cidade Universitária, São Paulo - SP CEP: 05508-900

Telefone: (11) 3091-4211

clarousp@gmail.com