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UMA BRUXA SOLITÁRIA

 

Por Giovanna Querido

 

Carolina Alves da Silva, 23 anos, morena, franja curta e piercing no septo. Estudante de biblioteconomia. Bruxa wicca. Mesmo dentro da igreja evangélica – que frequentou com sua mãe durante cerca de 16 anos –, uma ideia, um instinto, meio sem sentido, já ecoava na sua mente: quero ser bruxa. Como boa filha dos anos 90, bruxaria era cultura pop, era assistir Jo- vens Bruxas, Magia Sedução e ler a revista Witch. Para muitos, parava quando se desligava o controle remoto, mas a curiosidade de Carol era maior. Aos 13 anos ela se matriculou em um curso pago e online da Caverna da Bruxa. Muito diferente de brincar de Harry Potter, durante 12 módulos, ela pôde aprender um pouco mais sobre a religião neo-pagã, Wicca. Popular- izada nos 80, pelo britânico Gerald Gardner, surgiu da necessidade de abranger e diferenciá-la da bruxaria tradicional, que remonta à Idade Média, mas não se encaixava mais com o mundo moderno. Com o curso, Carol aprendeu que nem todas as wiccanas são iguais. Assim como em muitas religiões, existem inúmeras tradições, ou seja, gru- pos unidos por princípios, práticas mágicas e linhagens ancestrais em comum. E a Carol faz parte da denominada Eclética, justamente por fundir várias tradições, como Celta, Alexandrina e Tradicional. Apesar de existir alguns fundamentos – como o dogma da arte: “Faça o que quiser, desde que não faça mal a nada, nem ninguém” e os festivais sazonais, conhecidos como Sabbats –, não existe uma “bíblia” ou um jeito único e correto de seguir a religião. Para a Carol, você cria sua magia. Quando o Sol atinge o maior grau de afastamento angular do equa- dor, nos solstícios, Carol senta no chão do seu quarto, pega seu cristal, acende um incenso, uma vela e começa um ritual. Não, ela não vai transformar machos escrotos em sapos. Para Carol, ser bruxa é antes de mais nada se autoconhecer. Essa transformação muito mais psicológica e espiritual começa pelo simples ato de olhar para si mesmo.

 

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O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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