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VOCÊ CONSEGUE VER?

 

Por Ian Alves

 

 

 

No princípio, são as portas. O paredão de 12 colunas de vidro escurecido, que formam a parte da frente do Centro, me diz mais pra ir embora do que me con- vida pra entrar. Mesmo assim, sigo em frente. Por dentro, o Kabbalah Centre é tão misterioso e imponente quanto é por fora: a meia iluminação aponta para liv- ros e porta-retratos pelas estantes de madeira; e o granito brilhante cobre o piso do local. Puxo assunto com uma moça que parece estar à toa. Ela me explica que a Caba- la – ou Kabbalah, tanto faz – não é uma religião, mas sim uma sabedoria. E que as pessoas que frequentam o Centro não são fiéis, mas sim estudantes da Cabala, que a aprendem por meio do Zohar, um conjunto de escritos de interpretação do Torá, livro sagrado judaico. Apesar dos fortes vínculos com o judaísmo, mais de 90% dos estudantes do Kabbalah Centre são de outras religiões. Então vou até a recepção e, por 36 reais, me inscrevo em um evento que vai acontecer na mesma noite, que celebra a Lua Nova de Gêmeos e revela o que eles chamam de “segredos” desse novo ciclo.

 

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A astrologia kabbalística se baseia no calendário hebraico (lunissolar), não no gregoriano (solar), então algumas datas são diferentes da astrologia que costumamos ler. Mas esse é só um evento disperso: os iniciantes do Centro costumam fazer um curso de 10 aulas, cada uma com 1h30, que custa entre 391 e 491 reais. A parte mais interessante da noite é quando a segunda palestrante entra. Conforme ela comanda a plateia, que agora tem seus olhos fechados, uma energia diferente se instala na sala. Ela nos fala para visualizar algum problema de nossa vida – enxergá-lo em nossa frente, fora de nosso corpo. Entender sua forma, cor, cheiro e como ele nos faz nos sentir. “Você consegue ver?”. Depois de poucos instantes, me sinto em controle sobre aquele problema. Sinto que ele é menor do que eu e entendo que eu posso decidir o impacto que ele terá sobre mim. Ao sair, tento me convencer de que aquela sensação nasceu, tão somente, das palavras da palestrante, da forma como ela conduziu as coisas. No fundo, sei que não foi só isso. Mas lembro de minha condição de leigo e paro de tentar racionalizar algo

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

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