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Ondas de concreto

 

Por Rafael Paiva

 

ONDAS DE CONCRETO (pág. 9)

De fala mansa, equipamento de proteção completo, Wilton de Souza, 33, tem uma relação nova com o skate. Amante do mar, há cerca de dois meses comprou um modelo com “mecanismo que simula os movimentos do surfe”. As ondas logo se desenham por meio da sua movimentação simples e curvilínea em cima do objeto.

 

Mais descolado, tanto no modo de falar quanto na expressão corporal, Guilherme da Silva, 29, é praticante desde a juventude. Utiliza somente um capacete. Estudioso dos movimentos, arrisca manobras de diferentes graus e alturas. Arquétipo do skatista clássico: extremamente à vontade entre “piscinas” e inclinações. “Quando você acerta uma manobra, bate o sentimento de superação na hora”, diz.

 

O cenário de um parque voltado para os esportes radicais evidencia o quanto novatos e veteranos deixam os receios fora da pista e, em uma espécie de harmonia conjunta, visam a superação dos mais variados obstáculos. Os introspectivos e os extrovertidos caminham na mesma direção.

 

Além de propiciar, em uma parcela dos atletas, redução do estresse, da ansiedade e uma melhora no humor, um esporte pode, por meio da liberação das endorfinas no organismo, ocasionar uma sensação de euforia conhecida popularmente como runner´s high (“barato do corredor”), de acordo com Camila Aparecida Machado de Oliveira, professora do Departamento de Biociências da Unifesp.

 

“É uma válvula de escape para você sair um pouco daquela correria de cidade grande, das cobranças, e dar uma relaxada”, diz Wilton, que “despluga a tomada” da realidade quando está em ação.

 

Fato é que, ao saber respeitar os limites das pressões físicas e psicológicas, um praticante pode encontrar na modalidade elementos de ressignificação pessoal. “Quando você lida com situações de muito risco ou muito medo, de alguma forma mostra pra si mesmo o nível de coragem que tem. Com isso, passa a acreditar que consegue superar qualquer coisa”, explica Alberto Filgueiras, professor do Instituto de Psicologia da Uerj com experiência em Psicologia do Esporte.

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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