Acompanhar a rotina de um músico ou grupo tornou-se uma tarefa fácil em tempos de redes sociais e de um acesso cada vez mais amplo à internet. A situação se contrasta bastante com a da década de 90, uma vez que a maioria dos fãs tinha que recorrer a outros artifícios para levantar informações sobre seus ídolos e demonstrar seus afetos.
Um fã assíduo era aquele que continha o nome em listas de reservas de bancas, livrarias e lojas de CDs, que acompanhava as emissoras de rádio para ouvir em primeira mão uma nova canção, com uma fita cassete pronta para a captação, ou a MTV, no intuito de assistir ao lançamento de um clipe.
O tamanho do acervo, de fato, era levado em conta. Não à toa todos os esforços eram feitos para conseguir aumentar o número de pastas com elementos dos ídolos. “Eu e minhas amigas comprávamos e fatiávamos as revistas de acordo com o gosto de cada, até porque não tínhamos tanta grana”, relembra a publicitária Victoria Siqueira, 32, admiradora das Spice Girls, dos Backstreet Boys e da cantora Britney Spears.
Algo inimaginável para muitos adolescentes hoje em dia, acostumados desde cedo com câmeras digitais ou smartphones, acontecia em determinados espaços: a venda de imagens. “Comprava fotos nos shows. Eram poucas as pessoas que tinham máquinas fotográficas na época”, relata a vendedora Juliana Manente, 36, fã da dupla Zezé Di Camargo & Luciano.
Da junção de inúmeras folhas, repletas de marcas de beijos e palavras amorosas, saía a chamada “carta de metro”, tradicional forma de homenagem do período.
Se hoje as relações surgem por meio de fóruns e mensagens instantâneas, o pontapé inicial no final do século passado poderia ocorrer de um modo bem peculiar: através de correspondências.
Dessa tradição noventista, surgiu uma amizade cultivada até hoje. Por meio de uma participação em um jornal do ABC, falando sobre o fã clube que havia criado para as Spice Girls, Victoria recebeu de uma outra admiradora uma carta a respeito do gosto parecido. Como bem dizia o girl group: friendship never ends.