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Tem jeito errado de ser fã?

 

Por Juliana Lima

 

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Quando se pensa em fãs, uma das cenas mais comuns que vêm à mente é a histeria de uma multidão de garotas adolescentes vestindo camisetas do ídolo, chorando e gritando enquanto clamam seu amor incondicional. Vincula-se a ideia de fã a algo juvenil, feminino e exagerado, com suporte do cinema, TV e da mídia como um todo.

 

Os primeiros estudos sobre fandoms eram por um viés patologizante, entendendo o fã como alguém doente, sempre baseando-se em casos extremos, e esse estereótipo permanece no senso comum. Em relação à mulher, o discurso é ainda mais acentuado por causa de um machismo estrutural que desvaloriza a figura feminina, conta Adriana Amaral, doutora em Comunicação Social pela PUCRS e líder do CULTPOP (Grupo de Pesquisa em Cultura Pop, Comunicação e Tecnologias).

 

“Esse estereótipo tem raízes nas primeiras celebridades da música e da literatura pós Revolução Industrial. Contudo, ganha a constituição que conhecemos a partir de fenômenos massivos, como a Beatlemania”, diz a pesquisadora.

 

Carolina Dantas, criadora do documentário e canal do Youtube “Fangirl’s Problems”, pontua que é possível observar os mesmos comportamentos em grupos de fãs dos dois gêneros, mas a masculinidade reprime as manifestações de sentimentos dos homens. Assim, cria-se a ideia de que mulheres são mais descontroladas e há uma falsa sensação de diferença de expressão entre ambos.

 

Os produtos que visam públicos masculinos são mais respeitados e valorizados, enquanto aqueles cujos públicos são femininos são dados como superficiais e sem valor. Os Beatles são um exemplo da diferença no tratamento dado a fãs homens e mulheres. No começo, só com fangirls, eram uma “mania”; quando ganharam fãs homens, viraram a maior banda do século XX.

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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