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claro!: origem de muitos

 

Por Juliana Lima

 

O claro! é uma das experiências práticas dos alunos de jornalismo da USP e faz parte da história do curso. Voltar às suas origens permite conhecer as produções e pensamentos dos que vieram anteriormente, e entender uma história que também é nossa.

 

Criado para ser um suplemento do Jornal do Campus da universidade, a ideia era criar um espaço em que os alunos praticassem a edição de grandes reportagens, como explica o professor José Coelho Sobrinho, que estava envolvido no projeto inicial. O claro! proporcionaria uma leitura mais dinâmica, que pudesse ser feita com calma, diferente das hard news do jornal.

 

A professora Nancy Nuyen, responsável pelo suplemento de 1999 a 2014, conta que a linguagem era inserida entre o jornal e a revista e, por isso, os alunos podiam ousar tanto nas abordagens quanto na própria escolha dos temas. Ambos eram pensados de acordo com o interesse público e com o objetivo de explorar e aprofundar o que não era tratado na mídia convencional.

 

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Embora as questões técnicas permanecessem iguais (edições mensais em formato tabloide com o mesmo número de páginas), a cada turma mudavam-se as propostas e a configuração claro!. Os alunos tinham autonomia de decidir desde o editorial até o foco das reportagens, que passaram a ser dos mais diversos gêneros jornalísticos. O objetivo era ter realmente uma produção experimental dos estudantes.

 

A professora Nancy Nuyen lembra da edição “Noite no Centro”, de dezembro de 2005, como um destaque desse aspecto. Os alunos propuseram-se a passar uma noite no centro de São Paulo, partindo do marco zero na praça da Sé, fotografando e ouvindo histórias das figuras noturnas da cidade, passando por lugares que ganham vida à noite, de boates a delegacias. Segundo ela, a experiência foi muito rica e ousada, e a edição ficou muito bonita.

 

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Os temas eram decididos por votações, muitas vezes acirradas. Os alunos tinham que lidar também com as divergências entre eles, tanto de ideias quanto de disponibilidades. Quem conta isso é Luiz Prado, ex aluno do curso. Ele participou do suplemento em 2007 e lembra de uma matéria em que fez um relato depois de visitar o acampamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) na grande São Paulo durante um fim de semana.

 

“A ideia era fazer um jornalismo de infiltração ou vivência, sentindo algumas situações na pele, assumindo personagens ou participando ativamente das ações”, conta. No entanto, algumas pessoas não se sentiram confortáveis e a edição final foi mista, com algumas matérias mais intensas e outras mais distanciadas.

 

Letícia Paiva, que experimentou o claro! mais recentemente, em 2016, conta que era difícil manter a objetividade jornalística em conjunto com a criatividade. Os alunos às vezes se perdiam em temas gerais e não conseguiam pensar pautas concretas, e nem sempre ficava claro para o leitor a apuração de fatos que existia mesmo por trás de textos mais literários.

 

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Luiz Prado comenta também que os alunos enfrentavam dificuldades com o espaço limitado do suplemento e que, na época, a produção impressa tinha muito mais peso que a online. A turma tentou fazer conteúdos extras para a internet, mas tiveram pouco alcance, já que as redes sociais ainda não tinham grande destaque.

 

Já Sara Baptista, que fez o claro! em 2015, viveu outra realidade do suplemento. Sua turma fazia, além do conteúdo impresso, vídeos de bastidores para as redes sociais, que hoje ocupam grande espaço da realidade dos jornalistas.

 

A ex aluna diz que sua turma tentava criar temas com ganchos, como foi a edição do “Trabalho”, lançada em maio, mas no geral eram ideias “que vinham na cabeça” e que havia certa dificuldade em variar e executar os gêneros jornalísticos. No entanto, o claro! foi um espaço para a individualidade e diferentes visões, criando uma história de reviver e reinventar assuntos, como foi o caso da edição “São Paulo 40º”, da qual Sara participou. “A ideia era falar da cidade com a ótica da efervescência dela”, conta.

 

São inúmeras as experiências vividas no claro!. Todas elas, boas e ruins, fazem parte da construção do suplemento, do curso de jornalismo da universidade e dos alunos que por ele passam.

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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