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Ó, defençores da Gramática

 

Por Gabriela Teixeira

 

 

Algumas pessoas colecionam selos, outras optam pela arte. Eu devoto minha estima às gramáticas.

 

Há décadas, reúno tomos de idiomas diversos com fervorosa paixão, sem fazer questão de esconder meu favoritismo pelos exemplares de língua portuguesa.

 

É lastimável, contudo, ver quão poucos são os que compartilham dessa devoção. Mas, pior que o desdém, é o empenho persistente que empregam para destruir o português. De Norte a Sul — principalmente no Norte, cá entre nós —, parece haver uma Cruzada infernal com esse propósito.

 

Oh, que horrores são infligidos diariamente aos verbos, pronomes e preposições por essa gentalha diferenciada das castas mais inferiores! “Nós vai na feira amanhã”, relincham, orgulhosos de deixar o idioma tão empobrecido quanto eles próprios.

 

E, como se já não bastasse tamanho sacrilégio, preciso ainda lidar com a existência de ditos especialistas, que muito ajudam quando não atrapalham. Grande disparate é a tal da sociolinguística.

 

“O que importa é a compreensão da fala, é que a comunicação seja estabelecida e assimilada”, dizem. Pois eu discordo. De que adianta entender o que eles falam, se meus ouvidos sangram a cada frase? Antes fosse eu surdo!

 

Ainda há quem fale em gramática plural. Pergunto-me porquê não se preocupam com o verdadeiro plural, aquele pobre desventurado de que troçam e destroçam ao ponto de deixá-lo irreconhecível, destruindo as concordâncias.

 

Sonho com o dia em que farão um acordo semelhante ao ortográfico, mas destinado ao vocabulário. Sim, unificar a língua, deixá-la polida e brilhante, torná-la grandiosa outra vez. Acabar com certos ismos que tanto a enfeiam. No meu mundo ideal, teremos a distribuição gratuita de gramáticas em cada elevador de serviço.

 

E digo mais: abóbora será abóbora, não importa o recanto do Brasil. Chega da grosseria rudimentar dos jerimuns!

 

Caso preciso for, posso abrir algumas exceções. Vá lá, aceito os estrangeirismos. Mas não privem-me das mesóclises!

 

Ah, as mesóclises!

 

Colaboraram: Thais Bighetti, hair stylist, e Donte Lucchesi, profesor da UFF

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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