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Um relato de muitos

 

Por Gabriela Bonin

 

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São quase 200 milhões de usuários ativos no Spotify. Talvez por isso, subir minha primeira música na plataforma gerou reações positivas em minhas redes sociais. “Agora você começou de verdade”, disse um amigo. Eu, que já estava no YouTube e no Soundcloud há tempos, fui legitimado como artista pela força de uma plataforma de streaming.

 

Faço música por hobby, enquanto ainda não consigo viver dela. Quando comecei, não fazia ideia de qual era o processo para subir músicas nas plataformas. Um pouco de pesquisa e algumas conversas com outros artistas independentes me esclareceram o procedimento.

 

Foi preciso encontrar uma distribuidora, o primeiro passo para validar a produção musical. Também chamada de agregadora digital, é quem gerencia as músicas dentro do streaming. A ponte entre o artista e a plataforma. Fui logo atrás da mais famosa no Brasil e subi os arquivos para uma avaliação do conteúdo.

 

Negado. Minha música foi acusada de plágio e, por isso, a agregadora não a colocaria nas plataformas. Lembrei, então, que tinha usado uma fala de três segundos retirada de um filme da década de 20. Como conseguiram identificar aquilo? Comecei a descobrir as minúcias do mercado no qual estava entrando.

 

Os funcionários da distribuidora foram unânimes: “plágio é crime e as plataformas levam a sério as preocupações com o conteúdo”. Teimoso como sou, busquei outra agregadora. Encontrei uma, espanhola, que aceitou minha música, mesmo com o trecho do filme. Pronto. Spotify, Deezer, Apple Music, Tidal. Eu estava em todos.

 

Tenho conhecidos que passaram por situações semelhantes. Uma amiga tentou subir uma faixa, mas teve o pedido recusado porque sua imagem de capa não continha o nome da música — algo obrigatório nas plataformas. Outro colega, que toca rock experimental, foi negado por ter músicas que têm um nível de ruído não aceito pelo streaming. Para estar nas plataformas, tivemos uma pequena pedra no caminho.

 

Apesar disso, o mercado é convidativo aos artistas independentes. Se sua música está nas plataformas, o lucro se divide com as distribuidoras ou pode ser todo seu. Mas é importante entender algo que, no início, insisti em ir contra: o streaming é um mercado como qualquer outro. É preciso se adequar às padronizações. Divulgar uma produção própria tem um preço. Nem os gigantes da música têm plena liberdade artística.  

 

No fim das contas, a maior parte dos artistas quer a mesma coisa. Viver da música e se divertir no processo. Afinal, queremos reconhecimento mas fazemos porque gostamos. Enquanto busco um espaço no mercado da música, continuo os estudos na universidade, já que a música independente ainda não paga minhas contas.

 

Colaboraram com essa matéria:

Cesar Neto, baixista da banda “Flerte Flamingo”.

DJ Brisalicia

Victor Kroner, produtor musical.

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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