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O Homem Pisou na Lua…

 

Por Thais Navarro

 
Página 4 - claro! Sideral

Kennedy Space Center, na Flórida, de onde a Apollo 11 decolou em 1969. Imagem: Thaís Navarro

 

Era um dia de sol de setembro de 1962 quando John F. Kennedy anunciou que mandaria um homem para a lua. Kennedy fez com que 40 mil pessoas ficassem em silêncio e outros milhões por todos os Estados Unidos vidrassem os olhos para assistir a transmissão televisionada do seu discurso no Rice Stadium, no Texas. “Nós escolhemos ir para a Lua nesta década, não porque é fácil, mas porque é difícil. Porque é um desafio que estamos dispostos a aceitar e que pretendemos vencer”. Sete anos depois, em 20 de julho de 1969, os mesmos olhos vidrados assistiram ao vivo os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin, a bordo da Apollo 11, pisarem no satélite.

A mais de 6000 quilômetros da Flórida (de onde a nave decolou), um garoto pré-adolescente da periferia de Araraquara assistia ao pouso na casa dos tios em São Paulo, onde havia uma televisão. Com o mesmo brilho nos olhos que só quem viveu o momento pode ter, Ramachrisna Teixeira, hoje professor associado do Instituto de Astronomia e Geofísica da USP, conta suas lembranças da época — e  do ceticismo que existe até hoje em relação ao feito. “Na minha cidade, quase ninguém tinha sequer viajado de avião. Estávamos muito distantes da tecnologia construída para colocar o homem na Lua, então muitos acharam que era impossível”.

 

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A Nasa, agência espacial americana, foi responsável por levar o homem à Lua. Imagem: Thaís Navarro

 

 

Só que havia outro tipo de ceticismo: o de quem não queria dar o braço a torcer para os Estados Unidos. Era época de Guerra Fria. Apesar de, por motivos que não se lembra, o professor Teixeira lembrar de ter estado ao lado da Rússia, este tipo de ceticismo também nunca passou pela cabeça dele. No bairro mal iluminado onde vivia, ele costumava ver o céu estrelado com seus amigos e falar sobre futebol, Guerra Fria e Corrida Espacial. Ver aquilo finalmente acontecendo diante dos seus olhos, então, era único.

Quem também não duvidou nem por um segundo foi Timothy Ferris, jornalista que, entre 1967 e 1969, trabalhou na agência de notícias United Press International (UPI). Entre risadas e uma empolgação próprias de quem ama escrever e falar sobre Ciência, ele lembra que o episódio foi primeira página de quase todos os jornais do mundo, e que foi elucidativo. “Antes da Apollo 11, a melhor vista que se poderia ter do céu era através de um telescópio. Com um dos grandes, a visão era um pouco melhor. Mas tudo era em grande parte misterioso”, conta, ressaltando que, é claro, também sentiu um orgulho americano.

 

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Fachada do Kennedy Space Center, em Orlando, Flórida, uma das estações da Nasa. Imagem: Thaís Navarro

 

E o jornalista apaixonado lembra que a missão tornou os dois astronautas que a conduziram espécies de heróis americanos para toda a vida. Houve diversas produções culturais dos mais diversos formatos sobre o episódio e seus protagonistas: músicas, histórias em quadrinhos, filmes, livros. Um exemplo é o filme “O Primeiro Homem” (2018), baseado no livro homônimo de James Hansen, que escreveu a única biografia oficial e autorizada de Armstrong. Hansen, que tinha só dezessete anos quando assistiu ao pouso, lembra sem titubear de como se sentiu. “Fiquei acordado até tarde com a minha família para assistir, não precisava esperar por um jornal ou revista com a notícia. E foi tudo muito emocionante”, diz.

A importância de lembrar deste fato que ocorreu há cinquenta anos deve-se — além da importância que ele e toda a corrida espacial trouxeram para os desenvolvimentos científicos e tecnológicos consequentes, como destaca Teixeira — ao quanto ele restaurou a esperança e instigou a imaginação. “Aquele momento fez todos pensarem sobre a humanidade e suas capacidades”, diz Hansen. E Ferris completa: “As revoluções tecnológicas que se mostraram possíveis começaram com a imaginação. E, felizmente, muitas pessoas ainda estão imaginando e sonhando hoje”.

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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