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O mercado do futuro é o céu!

 

Por Henrique Votto

 
Página 8 - claro! Sideral

Imagem: Gabriela Bonin

 

 

Desde que o russo Yuri Gagarin esteve a bordo da Soyuz, em 1961, pouco mais de 560 seres humanos visitaram o espaço sideral.  Na próxima década, esse número pode simplesmente dobrar. A espaçonave Unity, da Virgin Galactic, por exemplo, realizou recentemente seu primeiro teste de voo suborbital bem sucedido, e deve fazer viagens comerciais tripuladas até 2020. Já são pouco mais de 700 assentos reservados, por não menos que US$ 200 mil por passageiro. Mas o que está por trás dessa revolução?

 

O turismo espacial da Virgin Galactic é apenas uma das vastas oportunidades comerciais que surgem no horizonte de uma nova explosão do mercado sideral. As grandes peças-chave no cenário de hoje são a mudança de mentalidade de governos e investidores, a evolução tecnológica e o barateamento dos custos. “O chamado New Space resulta da convergência desses fatores e tem levado à rápida proliferação de startups espaciais, com destaque para as empresas de microssatélites, lançadores de pequeno porte e tratamento de dados”, afirma Sidney Nakahodo, especialista em empreendedorismo na New York Space Alliance. De acordo com a agência Space Angels, entre 2009 e 2018, a injeção de capital em startups espaciais aumentou 442%, chegando a um total de US$ 2,97 bilhões no ano passado.

 

As empresas privadas passam a assumir um papel cada vez mais dominante, tornando-se as principais agentes do mercado. São elas que produzem os equipamentos, fornecem os serviços e impulsionam o desenvolvimento de tecnologias disruptivas, como a miniaturização, impressão em 3D e até mesmo a inimaginável reutilização de foguetes, da qual a gigante SpaceX é pioneira. E para Salvador Nogueira, dono do blog Mensageiro Sideral, na Folha de São Paulo, essa mudança de modelo é fundamental para o boom atual:  “É muito interessante porque obriga as empresas a competirem entre si. E isso naturalmente força os preços para baixo. No que você reduz o custo de acesso, começa a abrir possibilidades não só para as agências espaciais, que já tinham grana para fazer essas coisas, mas para empresas realmente empreenderem no espaço.”

 

Isso não significa que as agências espaciais nacionais como a Nasa ou a Roscosmos perderam o protagonismo. No contexto de corrida espacial, os órgãos governamentais ainda são aqueles com capacidade financeira para realizar os mais ambiciosos empreendimentos no céu. A grande diferença é que o modelo de negócio mudou e, em vez de comprar tecnologia, as agências podem contratar serviços completos de empresas privadas. “É o que a Nasa tem feito com o transporte de carga para a Estação Espacial Internacional e o que, em breve, acontecerá com o transporte de astronautas”, recorda Sidney. E tudo isso favorece um ambiente de cada vez mais oportunidades para explorar comercialmente o espaço sideral.


É claro que uma viagem para além da órbita da Terra, hoje, é algo completamente restrito. Mas essa expansão espacial já permite, por exemplo, que um funeral espacial da Celestis, que realizou 15 viagens com essa finalidade desde 1997, seja comercializado hoje por menos de R$ 10 mil. Antes acessível apenas para algumas celebridades – como o criador da franquia de cinema ‘Star Trek’, Gene Roddenberry –, hoje o serviço pode ser comprado por uma pessoa comum como o californiano Steve Munt. Ele inclusive lançou uma campanha de crowdfunding na internet para ajudar a financiar o envio das cinzas do seu falecido gato, o Pikachu, ao espaço. Até o momento, Steve arrecadou 50% do valor. “Sou muito agradecido à ciência e tecnologia por possibilitarem esse tributo final”, ele afirma em mensagem. Imagine só o que essa expansão pode possibilitar em um futuro próximo.

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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