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Por que nos interessamos pelo Universo?

 

Por Leticia Vieira

 
Página 9- claro! Sideral

Imagem: Gabriela Bonin

 

Uma inquietação particular de Galileu, lá no século XVII, pode o ter levado a conhecer os anéis de Saturno, os mares da Lua e os satélites de Júpiter. Mas, daí em diante, pouca ou nenhuma descoberta ocorreu em função de questões existenciais humanas.

 

“O que move o estudo do Universo, não é a curiosidade”. E quem diz isso não sou eu, é Augusto Damineli. Após mais de 40 anos de pesquisa e docência, o astrônomo parece convencido. Não estudamos o Espaço em busca de respostas para grandes dúvidas da humanidade, como a origem do que está a nossa volta ou se estamos sozinhos no Universo. São os avanços sociais e econômicos que motivam os investimentos em estudos espaciais.

 

Não é coincidência que EUA, Rússia, China e Índia, as maiores potências econômicas e bélicas do mundo, estejam na dianteira do estudo astronômico. A exploração espacial depende de altos investimentos e é uma grande fonte de descobertas tecnológicas. Não só aquelas que possibilitarão a sobrevivência em outros planetas, mas principalmente as que facilitam nossa vida aqui na Terra.

 

Ser útil para os cidadãos comuns é um dos princípios da Nasa e o que justifica os investimentos públicos que a agência recebe. Por isso, vários resultados do estudo espacial fazem parte do nosso dia a dia. Eles estão nas papinhas de bebê super enriquecidas, no seu aspirador sem fio e até no aparelho dentário transparente, feito de um material criado para proteger antenas infravermelhas no Espaço.

 

Mas não pense que as aplicações do conhecimento astronômico se resumem a uma questão utilitária. Cada uma delas amplia um pouco mais o nosso imaginário e abre espaço para criações como as aventuras de O Guia do Mochileiro das Galáxias, as missões de Star Trek, as batalhas de Star Wars e a realidade trágica de Wall-E.

 

Hoje, muito mais do que o encantamento pelo céu, são os produtos culturais que despertam o Galileu que há dentro de nós e nos fazem permanecer intrigados com as clássicas questões existenciais. Quais são nossas origens? O que faríamos no Espaço? O quão ético seria? Quem seríamos nós, humanos, num contexto de conquistadores espaciais?

 

Cláudia Fusco, jornalista e mestre em ficção científica, observa que as obras contemporâneas exploram a conquista do Espaço a partir dessas mesmas dúvidas, já presentes em produções dos anos 50.

 

Para ela, o público gosta de se encantar com naves espaciais, tecnologias futuristas, imaginar versões mais sofisticadas deste mundo. Porém, Cláudia é categórica ao afirmar que ficção científica sempre falará sobre pessoas. Isso porque, assim como na Astronomia, é sempre o fator humano que faz o lado de lá da nossa atmosfera ser tão interessante.

 

 

Colaborou com esta matéria: Sylvio Ferraz Mello, astrônomo professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP.

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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