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Shhh, estamos em uma biblioteca

 

Por Gabriela Bonin

 
Fotografia: Gabriela Bonin

Fotografia: Gabriela Bonin

Ficar em silêncio, para alguns, tornou-se um luxo. Poucas pessoas podem desfrutar de ambientes quietos na correria do dia-a-dia. Chega a ser difícil imaginar que algumas profissões têm como plano de fundo o silêncio. Museólogos, artistas visuais e escritores, por exemplo. No entanto, uma biblioteca, ambiente conhecido por não ter quase barulho algum, contraria o silêncio e a monotonia esperados na rotina de quem lá trabalha.

Marina Macambyra é bibliotecária há 37 anos. De segunda a sexta, pela manhã, ela pega um ônibus em direção à Universidade de São Paulo, onde se formou em biblioteconomia e trabalha desde então. Escolheu o curso porque “não sabia muito o que fazer da vida”, mas gostava muito de ler. Até hoje, a leitura é um de seus maiores hobbies: “não consigo terminar um livro sem ter o próximo esperando”.

Em uma biblioteca universitária, alunos entram e saem, abrem armários, derrubam coisas, fazem perguntas. Não à toa, Marina afirma: “pode não parecer, mas a biblioteca é um lugar animado”. O próprio jeito de se vestir da bibliotecária já quebra alguns estereótipos: nada de cabelo preso e roupas sérias, Marina usa brincos grandes e coloridos e o cabelo curto acinzentado contrasta com o blazer rosa pink.

“Seria impossível trabalhar no silêncio absoluto”, conta a bibliotecária. “Minha atividade favorita é a interação com as pessoas”. Parece paradoxal trabalhar em um local teoricamente silencioso e buscar conversas, mas é o contato com o público que a deixa feliz. 

Apesar de não serem locais absolutamente silenciosos, bibliotecas continuam com o barulho controlado. Acostumada com essa rotina pouco ruidosa, Marina fica incomodada quando precisa ir ao centro da cidade ou à Avenida Paulista, por exemplo. O barulho dos carros e buzinas acaba sendo ensurdecedor para quem vive a calmaria dentro dos muros da universidade.

Alguém que trabalha em uma biblioteca não necessariamente realiza atividades agitadas nas horas vagas para compensar. Marina ama filmes e, sempre que consegue, passa seu tempo livre nas salas de cinema de São Paulo. Também escreve textos em seus dois blogs e é colaboradora em um site de bibliotecários. Atividades com pouco barulho, o que faz parecer que a tranquilidade de sua profissão se estende para o restante de sua vida.

A fala de Marina é calma, quase lenta, mas vem carregada de informações e histórias. Ela também sabe fazer barulho: quando algo incomoda, relata suas indignações em textos em seu Facebook ou blog. Seu jeito transmite o equilíbrio necessário entre o silêncio e o barulho. Como uma biblioteca. 

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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