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Uma classe média não tão média assim

 

Por Maria Paula Andrade

 

Maria Paula

 

Todo dia, Bruno Morais, 44 anos, pai de quatro filhos, chega às 7 horas da manhã no trabalho, em uma grande empresa da zona oeste de São Paulo, onde é analista sênior da área de serviços. Durante a noite tem uma rotina de treinos: passa 1h30 praticando lutas marciais, além de fazer musculação em uma academia. Bruno é formado em relações públicas, pós graduado em gestão pública e tem mestrado em fonoaudiologia. Fez faculdade na Espanha e já morou na Argentina e no México.

Bruno é o que entendemos por “classe média”. No entanto, esse termo no Brasil não é nem de longe a classe intermediária da população. Apenas cerca de 10% a 15% se encaixam na categoria. Além do estilo de vida característico, semelhante ao de Bruno, e de uma renda que ultrapassa cinco salários mínimos (R$ 4.990,00), a forma particular de consumo também conta. O comportamento social diferenciado mostra a necessidade de uma distinção das classes mais baixas através de um padrão de consumo especializado – como praticar lutas marciais, comprar alimentos de melhor valor nutricional e passar as férias em locais ainda não tão explorados pelos turistas. 

É uma parcela requisitada pelo mercado: apesar de não muito expressiva em quantidade, detêm cerca de 35% da renda disponível no país e seu padrão de consumo é mais estável e constante do que as classes baixas, o que impulsiona a economia a todo momento.

A classe não tão média assim também tem peso cultural (é aqui que estão a maioria dos formadores de opinião do país) e político – vide seu papel nas decisões de governança nos últimos anos. A maioria católica disputa com um número significativo de agnósticos e ateus, mostrando menor religiosidade se comparada às classes mais baixas. O apego à ideologia meritocrática e a valorização das conquistas individuais também são fortes no imaginário desses 15% em que Bruno faz parte. “Hoje, minha meta de vida é conseguir fazer minha rotina de treinos e lazer, cuidar dos meninos e ter uma vida simples”.

 

Colaboraram:

Juliana Inhasz, Economista e professora do Insper

André Ricardo Salata, Sociólogo e professor da PUC do Rio Grande do Sul

Sávio Machado Cavalcante, Sociólogo e professor da Unicamp

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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