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Não bebo não, estou vivendo

 

Por Anny Oliveira

 

Página-5.2Não, o seu amigo sóbrio não foi até o bar para cuidar de você, muito menos para dividir a conta igualmente se ele bebeu uma coca-cola e você, dois litros de cerveja. Esteja avisado: o “não, obrigada” não vai se transformar em um sim, não importa o quanto você insista. Sim, eles também se embriagam na diversão, só que com 0% de álcool.

Alguns podem usar a palavra “careta”, mas o termo correto para se referir a uma pessoa que não consome álcool é “abstêmio”. E pode parecer que não, mas eles correspondem à maioria da população. Segundo levantamento feito pela Unifesp em 2013, a porcentagem de abstêmios no Brasil é de 52%. 

Peter Alexandrakis faz parte dessa estatística há pelo menos 30 anos. Aos 57, ele conta que aboliu o álcool por conta de sua enxaqueca. No entanto, o que o manteve firme na decisão foi não apenas a saúde, como também sua nova percepção em relação ao álcool. “Amigos que bebiam muito acabaram se afastando de mim, e eu vi que o que nos unia era a bebida. Não era a companhia”.   

Tal como percebeu Peter, o álcool como elo de socialização está no imaginário popular. Isso cria certa pressão para que as pessoas, especialmente as mais jovens, bebam. Foi essa pressão que fez com que o estudante Lucas Moraes, de 19 anos, experimentasse pela primeira vez aos 16.

Ele não gostou, mas continuou pelo efeito do álcool, que o deixava mais “soltinho”. Não durou muito tempo. Depois de passar por algumas situações ruins com o álcool, Lucas deixou de gostar do efeito. Então, no ano passado, decidiu parar de beber.

Pensando na pressão que capturou Lucas e tantos outros jovens, Isabela Collares, especialista em Educomunicação, criou o projeto Antes da Saideira, que busca debater o uso e as consequências do álcool. Nas palavras dela, para “equilibrar a balança entre incentivos e informação”.

Desde 2017, o projeto atua por meio de palestras em escolas e também por meio de vídeos divulgados nas plataformas digitais, como o Youtube. “Só posso ser livre para tomar minhas decisões quando sei dos prejuízos e dos possíveis benefícios. A liberdade está muito relacionada ao processo de informação”, explica Isabela.

Por tudo isso, manter-se firme como abstêmio é um desafio. Não é difícil para Peter, com seus anos de experiência. Mas para Lucas, ainda é tentador. Para permanecer sóbrio, ele tem evitado até mesmo ir a festas. “Não quero me sentir pressionado a fazer algo que eu não quero só para pertencer”.

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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