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Pra gringo ver

 

Por Jasmine Olga

 

Página 12 online

Todo estrangeiro de passagem pelo Brasil parece sempre ter duas coisas em comum. O desejo por praia e uma boa cachaça. Tem certas coisas que são assim mesmo. Ultrapassam fronteiras e conquistam uma legião de fãs.

“Caipirinha” parece até palavra obrigatória para garantir o visto brasileiro. Paulista de nascimento, a mistura de limão, gelo, açúcar e cachaça já ganhou até ares de Rússia e Japão. 

A famosa cachaça não é mole não. Se aventura pelo país e ganha cores e sabores únicos por onde passa. Nenhum alambique e nenhuma garrafa é igual a outra. 

 No frio da serra gaúcha, ela atende por outro nome. A Canha seduz pelo seu poder de fogo e disputa lugar com os vinhos na hora de aquecer as noites geladas. E ela não chega só: frutas como o butiá, figo, uva e ervas como o funcho também entram na mistura. 

Mas nem só de gargantas que se rasgam ao toque vive a cachaça. Nas terras secas do cerrado ela desce mole, mole pela garganta. A mistura, carinhosamente apelidada de Leite de Onça, leva leite de coco, leite condensado, açúcar e (claro!) cachaça e é servida há muito tempo no Centro-Oeste brasileiro.

Ela parece soberana, mas há quem conteste a majestade da cachaça como a bebida tipicamente brasileira. No Nordeste, a Tiquira tem um argumento forte para clamar o trono: a cana-de-açúcar só chegou ao Brasil com os portugueses.

Aguardente de mandioca, às vezes de coloração azulada, a bebida indígena é cercada por lendas e tradições.

Mas é provável que você não encontre a Tiquira em qualquer prateleira por aí. O método tradicional de produção, normalmente feito em fundos de quintal, dificulta o processo de regulamentação dos produtores, limitando a comercialização da bebida.

Sua prima nortista, a Cachaça de Jambu, teve mais sorte em ganhar adeptos pelo país. A sensação de dormência, fruto dos efeitos anestésicos da folha do jambu, conquista muito mais admiradores que o seu forte sabor.

Aos gringos de passagem, guardem mais essas palavras no vocabulário. E uma última dica: tem quem diga que beijar a pessoa amada depois de uma ou duas doses de Jambu é coisa de outro mundo. 


Colaboraram:

Mairê Ferraz, José Paulo (Cooperativa agroindustrial Tiquira Guaribas), Ivaldo Delfino (sócio da Canha Brasil Cachaçaria Ltda), Fátima Silva e Maíra Moraes.

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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