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Amor dividido por três

 

Por Jade Rezende

 

 

Clevson e Rodrigo já namoravam há três anos quando conheceram Lucas. O casal já tinha o costume de se envolver com uma terceira pessoa sexualmente, mas a regra era clara: não poderia haver afeto. Com Lucas, porém, foi diferente. O casal, sem esperar, começou a criar sentimentos por ele — mas para Lucas não houve surpresa alguma. “Pra mim, isso era o normal. Eu nunca tinha dado certo em relacionamentos com uma pessoa só”, conta.

 

Aos poucos, os três começaram a passar mais tempo juntos e foram aprendendo a lidar com a não monogamia. Quando se deram conta, estavam vivendo um relacionamento a três. A rotina, então, passou por algumas mudanças, principalmente quando o trisal resolveu morar junto, depois de um ano de namoro. As tarefas e contas passaram a ser divididas em três e a vida social ficou mais agitada.

 

Nesse dia a dia compartilhado, a preferência do trisal é fazer tudo em conjunto, mas nem sempre é possível, uma vez que as rotinas não batem — Clevson e Lucas trabalham em período integral e Rodrigo, atualmente desempregado, fica em casa. Por essa diferença de horários e até financeira, os três se esforçam para ter o máximo de tempo juntos. Está tudo bem caso todos não possam ir ao bar com os amigos na sexta-feira à noite, mas quando eles planejam uma viagem, por exemplo, a prioridade é que os três estejam juntos.

 

Na vida sexual do trio não é diferente. A preferência também é que as relações só ocorram com os três juntos, porque no começo nem sempre era assim e desentendimentos aconteceram por algum deles não participar. Janaina Gonzalez, psicóloga e especialista em Sexualidade Humana pela Faculdade de Medicina da USP, percebeu que essa é uma semelhança entre relacionamentos poliamoristas e monogâmicos. Apesar do uso da expressão “compersão” no poliamor, que significa estar feliz em ver seu parceiro feliz afetiva e sexualmente com outra pessoa, esse sentimento nem sempre existe.

 

A questão do ciúmes foi uma das semelhanças que Janaina percebeu que, às vezes, é recorrente nos dois tipos de relacionamentos. “As questões de contrato conjugal, amizades, vida social, escolhas não diferem em nada”, diz a psicóloga. Contudo, ela conta que quem vive uma relação poliamorosa, além de todos esses problemas, também tem que enfrentar preconceito e muitas vezes até prefere manter o relacionamento em segredo.

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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