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Atando o nó(s)

 

Por Mariangela Castro

 

A primeira vez
Começos
Encontrando o nó
Nós

 

O primeiro date do Pedro terminou com um diálogo seco. Ele e Vinícius estavam no cinema quando Vinícius disse que adorava John Mayer. Na saída, meu amigo correu para a livraria do shopping e comprou um CD do cantor para dar de presente.

 

Ao chegarem no metrô, Pedro disse: “Comprei este CD pra você”. E Vinícius, sem jeito: “Hm, obrigado?”. A conversa seguiu: “Posso te dar mais uma coisa?” “O que?” “Um beijo” “Não.” Vinícius foi embora e os dois nunca mais se viram.
Nos anos seguintes, essa história se tornou parâmetro do que o nosso grupo chamaria de “primeiro encontro ruim”. Porém, o professor de Psicologia Social César Vilaça foi mais brando, chamou o diálogo de desalinhamento de interesses. “Se uma pessoa quer saltar mais fundo que a outra, elas não vão chegar em nenhum lugar. É preciso estar em sintonia e ter autocuidado.”

 

As receitas para este autocuidado são diversas. Tempos depois, eu escutaria da Fernanda uma fórmula exata: não sair de casa para um primeiro encontro sem antes ler o horóscopo; tomar um copo de cerveja e passar 15 minutos no Tinder.
“Quando estamos nervosos o cérebro produz cortisona e isso atrapalha as funções, pode até causar paralisação”, explica o professor. Às vezes de maneira literal, com Giovanna a paralisação era gigante. Ela desmaiou na primeira vez em que saiu com seu atual namorado. “Não tinha comido muito, tava nervosa, a pressão caiu. Acordei roxa de vergonha.”

 

Para a especialista em sexualidade humana Jaroslava Valentova, a vergonha é um fator presente em primeiras vezes. É comum que a gente se veja rindo mais alto, fazendo piadas e brincando com o cabelo. “Estamos sendo testados e, mesmo nos preparando, não podemos saber o resultado.”
Para diminuir o mistério da competição, algumas pessoas tentam “captar sinais”. Em relações causais, por exemplo, a auto-propaganda costuma ser o mais importante. Já quando o interesse é de longo prazo, as pessoas tendem a se preocupar mais pelo parceiro.

 

Há também quem busque esses sinais no destino. Na primeira vez em que Beatriz saiu com Ana, sua atual namorada e minha colega de trabalho, Ana encontrou uma garota com quem sua ex a havia traído. “Aí eu tive certeza que a gente ia namorar! Essas coisas só acontecem com pessoas que ficam juntas, né?”

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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